Toni Morrison (1931-2019): o adeus à “Amada”

Fundada na tradição oral e nos cultos animistas trazidos de África, mas também na herança de autores brancos como os sulistas William Faulkner e Eudora Welty, a obra da escritora galardoada com um Pulitzer e com o Nobel da Literatura foi ela própria fundadora de uma literatura verdadeiramente afro-americana.

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Stephen Chernin/Reuters

É impossível falar de Toni Morrison, da sua vida que esta segunda-feira se extinguiu, aos 88 anos, e da sua obra, sem mergulhar na América, nas suas questões de raça e de género, na complexidade das múltiplas culturas que ali se encontram e desencontram, na tensão constante entre ricos e pobres, entre comunidades rurais e sociedades urbanas. Chloe Ardelia Wofford, Morrison pelo casamento, definitivamente Toni Morrison, nasceu a pouco mais de um quilómetro da fábrica de aço de Lorain, no estado de Ohio, em plena Grande Depressão, quando os empregos escasseavam e as cidades industrializadas conheciam uma degradação sem precedentes. Tinha ela dois anos, o senhorio pegou fogo à casa onde residia com os pais e irmãos, castigando a família pelo atraso no pagamento da renda. Foi neste ambiente, violento e desesperado, que cresceu. As condições duras dos seus primeiros anos – o pai teve de acumular dois ou mais empregos para a poder mandar para a faculdade – contribuíram para a construção da sua personalidade férrea e da sua capacidade para olhar o mundo com empatia, mas sem condescendência nem condicionalismos de qualquer espécie.

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