Trabalhadores dos Parques de Sintra em protesto para reivindicar aumentos salariais

Cerca dos 160 dos 430 trabalhadores da empresa são precários. Sindicato e autarquia responsabilizam secretário de Estado do Tesouro pela situação.

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O Palácio da Pena é um dos monumentos sob a tutela da Parques de Sintra-Monte da Lua ENRIC VIVES-RUBIO/ARQUIVO

Uma centena de trabalhadores da Parques de Sintra-Monte da Lua (PSML) concentrou-se esta manhã junto ao Palácio Nacional de Sintra para reivindicar aumentos salariais e a integração de precários na empresa.

A acção de protesto, convocada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores da Administração Local e Regional, Empresas Públicas e Afins (STAL), assinalou o início de uma greve de dois dias dos trabalhadores da empresa que gere os monumentos do concelho de Sintra.

Apesar da paralisação, todos os monumentos geridos pela PSML estavam abertos ao público, ainda que a funcionar com serviços mínimos, nomeadamente a Pena e Monserrate, o Castelo dos Mouros, o Convento dos Capuchos e os palácios nacionais de Sintra e de Queluz.

“Hoje não é fácil para os nossos colegas que estão a trabalhar. Estão a trabalhar nos limites dos limites. Há salas que não estão a ser vigiadas e não se sabe o que vai acontecer”, afirmou à agência Lusa Maria José, do STAL.

A sindicalista sublinhou que o protesto é pela “valorização de todos os trabalhadores” e pela “reposição de uma situação de justiça”.

“Há 18 anos que não temos aumentos, mas o Estado veio cá buscar sete milhões dos lucros que a empresa teve”, criticou.

Presente no protesto esteve também o presidente da Câmara Municipal de Sintra, Basílio Horta (PS), que responsabilizou o secretário de Estado do Tesouro, Álvaro Novo, pelos problemas laborais na empresa.

“Os trabalhadores têm razão e o problema já podia estar resolvido se o senhor secretário de Estado em vez de ter cá vindo buscar 75% dos lucros desta empresa viesse buscar apenas os 33% do ano anterior. Eu daqui peço ao senhor secretário de Estado que não deixe prolongar este conflito laboral”, apelou o autarca.

Depois desta concentração, os manifestantes dirigiram-se para o Ministério das Finanças, em Lisboa, para entregar uma resolução.

A PSML foi criada em 2000 para gerir os parques históricos e monumentos do concelho de Sintra, nomeadamente a Pena e Monserrate, o Castelo dos Mouros, o Convento dos Capuchos e os palácios nacionais de Sintra e de Queluz.

A empresa tem como accionistas (públicos) a Direcção-Geral do Tesouro e Finanças (35%), o Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (35%), o Turismo de Portugal (15%) e a Câmara Municipal de Sintra (15%).

Na PSML trabalham cerca de 430 trabalhadores, dos quais 270 têm vínculo directo à empresa e cerca de 160 a empresas de trabalho temporário ou a recibos verdes.

Em declarações à Lusa, na sexta-feira, fonte da PSML referiu que a empresa “apresentou um pacote de melhorias laborais, aprovado pelos accionistas, que inclui aumentos salariais e reforço de benefícios para os colaboradores da empresa”.

“A PSML está a negociar com as estruturas sindicais, de forma a que a sua proposta seja possível de concretizar, através de um acordo de empresa, e assim viabilizar a introdução destes benefícios com efeito retroactivo a Janeiro deste ano”, acrescenta a mesma fonte.

A empresa ressalvou ainda que “está a planear os serviços, nos termos da lei, de forma a minimizar os efeitos que possam surgir com esta paralisação”.

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