Cartas ao director

A proposta do CDS para o superior

O artigo de Susana Peralta intitulado “O CDS e o ensino superior: via verde para ricos”, no PÚBLICO de ontem, vem confirmar que o dinheiro, quer queiramos quer não, é o “senhor” que manda em tudo, salvo raras excepções. Infelizmente sempre foi assim e embora os tempos sejam outros, continua assim em muitos aspectos. Relativamente ao ensino, antes do 25 de Abril, após a frequência da chamada “Instrução Primária”, podia-se optar, conforma as possibilidades de cada família, pela Escola Industrial para extractos menos favorecidos, com cursos entre outros de carpintaria, electricidade, pintura, destinados a operários. O Curso Comercial, também com aulas nocturnas, muito frequentadas por quem trabalhava de dia e o liceu destinado especificamente ao curso chamado Superior. Como em tudo na vida, havia excepções, embora raríssimas. O Curso Comercial, patamar para o curso de Económicas e Financeiras com cursos nocturnos, frequentado, normalmente por alunos mais velhos, com as suas ocupações diárias, produziu licenciados de grande mérito. Mas ainda há quem advogue ser o dinheiro “uma via verde para os ricos”.

Carlos Leal, Lisboa

CDS chumba no acesso ao ensino superior

O CDS quer dar oportunidades a quem ficou de fora do numerus clausus. Assim se intitula uma medida destinada a alunos que não conseguiram colocação através do Concurso Nacional de Acesso (CNA), e que, deste modo, poderiam ingressar, mediante o pagamento do preço de custo da formação, em vez da propina normal. O argumento subjacente é que tal já acontece com os alunos oriundos de países externos à União Europeia, afirmando-se mesmo que os alunos nacionais que queiram entrar pagando do seu dinheiro não podem, porque o Estado não permite, e que os alunos estrangeiros podem. Ora é falso e perigoso! Os alunos estrangeiros em questão candidatam-se, através de um concurso, com número de vagas definido e critérios de selecção. Os melhores ingressarão, os restantes não, independentemente do dinheiro. À semelhança do que acontece no CNA. Aqui não há vistos Gold. Esses envolviam somas bem mais avultadas e outros sectores que não o ensino!

Miguel Santos Conceição, Aveiro

CGD

A Caixa Geral de Depósitos (CGD) vive momentos de alguma euforia. Não obstante o ainda fantasmagórico buraco do malparado, e sem se saber a cor do dinheiro pintado nos quadros do não menos fantasmagórico Berardo, a CGD passou a ser uma máquina de fazer lucros. Só no primeiro semestre deste ano, já avocou 282,5 milhões de euros, uma subida de 46% relativamente ao período homólogo de 2018. Se fingíssemos esquecer as comissões e taxas que apertam os clientes (muitos dos quais sem alternativa credível por parte do sector bancário), a contínua redução de trabalhadores (este ano, já vai em 172, prevendo-se que chegue a 570 empregados), o fecho de agências (até ver, vá lá, foram só duas), e poderíamos pensar que foi um milagre esta reviravolta nos resultados da CGD.

José Almeida Rodrigues, Vila Nova de Gaia

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