Manuel Salgado diz que hoje não teria aprovado o Hospital da CUF em Alcântara

Vereador do Urbanismo, que está de saída, reconheceu a volumetria excessiva do novo hospital. Projecto tem sido criticado pelo Fórum Cidadania Lx que diz que o novo prédio roubou as vistas de rio do Miradouro do Largo das Necessidades.

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Estado da obra do hospital em Dezembro de 2018, vista do Miradouro do Largo das Necessidades Sebastião Almeida

Se fosse hoje, o ainda vereador do Urbanismo da câmara de Lisboa, Manuel Salgado, não teria aprovado o Hospital CUF Tejo, que está em construção em Alcântara. A revelação foi feita numa entrevista ao Expresso, na qual o vereador anunciou que vai abandonar o cargo ao fim de 12 anos – momento da entrevista que foi divulgado na quarta-feira.

Na entrevista, publicada integralmente este sábado, Manuel Salgado fala da mais de uma década em que esteve responsável por planear cidade, das críticas que lhe foram sendo apontadas e reconhece que “houve medidas que não correram” como a câmara esperava.

Entre elas está o hospital da CUF em Alcântara. “É preciso reconhecer que não resultou. O seu impacto volumétrico é excessivo. Se fosse hoje não o teria aprovado”, disse o ainda vereador, quando questionado sobre se se arrependia de alguma decisão que tivesse tomado nestes 12 anos. “Houve ali claramente um desvio nos próprios desenhos que foram apresentados à câmara.”

Com a construção da estrutura já avançada, há meses que muitos se queixam de terem perdido a vista de parte significativa do rio, sobretudo se visto do Miradouro do Largo das Necessidades. O grupo de cidadãos Fórum Cidadania Lx chegou, inclusive, a colocar em causa do cumprimento das regras do Plano Director Municipal (PDM) da cidade, referentes à manutenção do sistema de vistas. 

O projecto de requalificação do Martim Moniz, que previa a colocação de contentores na praça para albergarem espaços comerciais, foi outro dos projectos que deveria ter sido pensado de outra forma. “Nunca foi um projecto que tivesse uma grande adesão nossa, nem do presidente nem minha”, disse Manuel Salgado, reconhecendo a “excelente decisão” da autarquia de repensar o projecto.

Também o programa Reabilita Primeiro, Paga Depois, lançado entre 2010 e 2012 e que resultou na venda de propriedade municipal para que fosse reabilitada por privados, é outra das medidas que acabaram por não correr como esperava. “Pensávamos que iam ser colocados no mercado de habitação permanente, mas em muitos casos, não sabemos ao certo quantos, acabaram por ser desviados para o mercado de alojamento local, prejudicando a fixação de pessoas. Se fosse hoje, com a capacidade financeira que a câmara tem agora, não teríamos vendido aquele património, tê-lo-íamos reabilitado”, disse. 

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