Zero quer pôr mais cem escolas a fazer compostagem. E há prémios para as melhores

Associação juntou-se a empresa do ramo das embalagens e tem cem compositores para oferecer aos estabelecimentos que se candidatem até 30 de Setembro.

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NELSON GARRIDO / PUBLICO

A associação ambientalista Zero pretende alargar a mais cem escolas a compostagem de resíduos orgânicos, e os estabelecimentos interessados podem candidatar-se a receber os materiais necessários até 30 de Setembro. A iniciativa Devolver à Terra é uma parceria com a empresa de embalagens Silvex, e inclui um prémio de 2500 euros para cada uma das três escolas que, ao fim de três anos, conseguirem um melhor desempenho.

A compostagem é já uma realidade em várias escolas do país, fruto de projectos levados a cabo por associações ambientalistas, organismos locais e até por entidades de gestão de resíduos. Mas num inquérito enviado a 800 estabelecimentos (para o qual receberam 170 respostas válidas), a Zero e a Silvex aperceberam-se de que, em muitos casos, falta continuidade a essas iniciativas, e que noutras situações elas abrangem apenas uma parte da comunidade escolar. 

O mesmo inquérito permitiu perceber que a aposta destas escolas recai em acções de redução de resíduos – pela diminuição do consumo de papel, por exemplo – ou de reciclagem. E no entanto, nota a Zero em comunicado, o potencial de compostagem é enorme, dado que, estima, “a fracção de resíduos orgânicos poderá ultrapassar os 80 por cento do total de resíduos produzidos”. Um número que não espanta tendo em conta que a maioria destes estabelecimentos tem cantinas e bares.

A Zero pretende que a compostagem se torne parte integrante das actividades curriculares e extracurriculares de formação das novas gerações. “Este tipo de projectos é igualmente importante na óptica da circularidade de recursos: ao fazer-se a valorização dos resíduos orgânicos com a produção de um correctivo agrícola natural, será possível devolver a matéria orgânica e os nutrientes aos nossos solos”, nota a associação em comunicado. O ambientalista Paulo Lucas lembra que muitas destas escolas têm os seus próprios jardins ou hortas comunitárias, onde a matéria orgânica pode ser utilizada, e espera que estes projectos ajudem as famílias a aderir à compostagem, por influência das crianças.

Directamente, através de projectos de compostagem doméstica, ou indirectamente, por via da criação, recente, de circuitos de recolha de resíduos orgânicos para incorporação em unidades de grande dimensão, a valorização da fracção orgânica dos resíduos que os portugueses produzem em suas casas e no sector da restauração e comércio tem aumentado. Ainda não há dados fechados sobre o destino dado aos resíduos urbanos em 2018, mas em 2017 o país processou 753 mil toneladas de resíduos urbanos biodegradáveis (RUB), menos de um terço dos RUB que entram nos contentores. Em todo o caso, este esforço deu origem a quase 60 mil toneladas de matéria orgânica para uso em actividades agrícolas.

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