Hospital de Leiria cria sistema para encaminhar doentes não urgentes para centros de saúde

Objectivo é reduzir as chamadas “falsas urgências”. A nível nacional, de acordo com dados do Portal do SNS relativos ao primeiro semestre deste ano, dos 2,8 milhões de urgências em que foram atribuídas pulseiras de acordo com a prioridade avaliada, perto de 39% foram verdes e azuis.

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Rui Gaudencio

O Centro Hospitalar de Leiria (CHL) e o Agrupamento de Centros de Saúde do Pinhal Litoral têm um projecto-piloto para encaminhar os doentes não urgentes das urgências para consultas no próprio dia nos centros de saúde. O objectivo é reduzir as chamadas “falsas urgências”, que no primeiro semestre deste ano ascenderam a perto de 40% dos doentes que chegam à urgência dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde.

O projecto-piloto, que arrancou a 1 de Agosto, envolve para já 13 de médicos de família de duas unidades de saúde familiar do Agrupamento de Centros de Saúde (Aces) do Pinhal Litoral.

“O Aces e o CHL pretendem assim diminuir as falsas urgências no serviço de urgência geral do Hospital de Santo André, que sobrecarregam desnecessariamente o serviço, quando os centros de saúde da região investem em horários alargados, com profissionais disponíveis para ver os seus doentes, e quando cerca de 98% dos utentes de Leiria têm médico atribuído”, diz o hospital em comunicado.

O sistema, que é inspirado no modelo que o hospital de Barcelos tem em funcionamento há um ano, “prevê o encaminhamento dos utentes triados com as prioridades ‘pouco urgente’ (pulseira verde) e ‘não urgente’ (pulseira azul) para consulta agendada para esse dia nas unidades de saúde dos cuidados de saúde primários onde estão inscritos”. Nestas unidades serão atendidos “preferencialmente pelo seu médico de família”.

A sugestão é feita pelo enfermeiro que faz a triagem na urgência do hospital. Se o utente aceitar ser orientado para o centro de saúde, então o enfermeiro agenda a consulta para o próprio dia. O utente recebe depois uma “convocatória para consulta referenciada”. “Para este efeito, o doente é dispensado do pagamento da taxa moderadora do serviço de urgência”, diz o CHL.

“Não estão incluídos no grupo dos doentes triados como verdes ou azuis a serem orientados para os cuidados de saúde primários, os doentes encaminhados pela Linha SNS24, referenciados previamente pelo centro de saúde ou médico assistente, doentes com mais de 75 anos, ou com determinadas patologias específicas, como asma”, explica o comunicado.

Cerca de 40% são falsas urgências

O CHL adianta que pretende fazer o alargamento gradual dos médicos e dos centros de saúde envolvidos nesta iniciativa, assim como a sua aplicação na urgência pediátrica. “A sensibilização é outra das grandes metas, esperando-se que a médio prazo o doente agudo, em situação não urgente, se dirija sempre como primeira opção ao seu médico de família”, assume o centro hospitalar.

De acordo com os dados disponíveis no Portal do SNS consultados pelo PÚBLICO, no primeiro semestre deste ano o CHL registou 91.543 urgências. Destes episódios, perto de 43% foram pulseiras verdes e azuis. Ou seja, as chamadas “falsas urgências. Um valor pouco acima da média dos 40 hospitais com dados reportados para os primeiros seis meses deste ano.

Os números do Portal do SNS mostram que já se realizaram cerca de 3,2 milhões de atendimentos urgentes, dos quais 11% foram atendimentos sem triagem.

Dos 2,8 milhões de urgências em que foram atribuídas pulseiras de acordo com a prioridade avaliada, perto de 39% foram verdes e azuis. O que representou pouco mais de um milhão de atendimentos.

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