No PSD há candidatos a sair das listas e dirigentes a deixar os órgãos

No Porto, o clima é de contestação ao líder da distrital. Segundo fonte do PSD, Alberto Machado disse ter sido “pressionado pelo presidente do partido para não votar contra a lista de deputados”.

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José Silvano admite que seja necessário mexer ainda nas listas Paulo Pimenta

As listas de deputados às eleições legislativas foram aprovadas pelo conselho nacional do PSD desta terça-feira, mas a polémica à volta das escolhas continua. Há pessoas a pedir para saírem das listas nos vários distritos, o que vai obrigar a que sejam feitas alterações antes de serem entregues em tribunal, no dia 24 de Agosto. O ainda deputado Virgílio Macedo, que ocupava o 27.º lugar pelo distrito do Porto, já pediu para ser substituído na lista.

O secretário- geral do PSD, José Silvano, reconhece que vai ser preciso mexer nas listas de deputados, mas desvaloriza a questão: “Basta uma pessoa querer sair para termos de mexer nas listas”. Ao PÚBLICO, José Silvano diz entender que haja quem queira sair, porque “as expectativas que tinham quando foram convidadas eram diferentes e agora não se revêem no lugar que lhes foi reservado”.

Ao mesmo tempo que se ajustam as listas em função das saídas e da lei da paridade, o partido, que deveria estar a preparar a máquina para o combate de Outubro assiste à demissão de dirigentes distritais por discordâncias com as escolhas feitas pela direcção nacional.

Esta quinta-feira, o presidente da distrital de Leiria, Rui Rocha, demitiu-se. A demissão é consequência do processo de elaboração de listas de candidatos à Assembleia da República. “Entendo que o processo não foi bem conduzido e que foi uma desconsideração para com o PSD de Leiria, sendo que o resultado final da lista não representa a proposta da comissão política distrital e Leiria”, declarou Rui Rocha à Lusa, sublinhando que a lista aprovada deixa o PSD “bastante condicionado” pelas duas propostas nacionais: Margarida Balseiro Lopes, presidente da JSD, e Pedro Roque, secretário-geral dos TSD.

Mais a norte, em Aveiro, há três dirigentes da distrital liderada por Salvador Malheiro, vice-presidente do partido, que bateram com a porta por causa das listas: Rui Vilar, Álvaro Ferreira e Henrique Araújo. Rui Vilar, a quem foi sugerido o nono lugar, é vogal da distrital; Álvaro Ferreira é vice-presidente da concelhia de Oliveira do Bairro e secretário-geral-adjunto da distrital; tal como Henrique Araújo, que é adjunto de Salvador Malheiro.

Ao que foi possível apurar, Rui Vilar rejeitou fazer parte lista por discordar da sua composição e da forma como o processo foi conduzido. Fonte do PSD-Aveiro disse ao PÚBLICO que a lista “é constituída por um grupo de amigos de jantares de Salvador Malheiro”.

Afirmando que vai tentar demover os três militantes de se demitirem, o presidente da distrital tenta suavizar a polémica, que, de alguma maneira, até entende. “Isto é sempre um processo muito doloroso e não há lugar para todos”, declara. “Não vou aceitar nenhuma demissão”, reforça, elogiando Rui Vilar e Álvaro Ferreira, considerando-os “dois activos muito bons que o partido tem”.

No Porto a polémica à volta da lista tem outra dimensão e o alvo dos descontentes é Alberto Machado. Na reunião que convocou para esta quarta-feira à noite, o líder distrital foi bombardeado com críticas pelo facto de não ter votado contra a lista, avocada por Rui Rio. Machado revelou que se absteve na votação, porque o presidente lhe telefonou antes do conselho nacional. Segundo relatos feitos ao PÚBLICO, “Alberto Machado disse aos militantes que Rui Rio o pressionou, dizendo que, se o Porto votasse contra, o tirava da lista, juntamente com Cancela Moura, Alberto Jorge e Germana Rocha”.

Na reunião, o presidente da distrital também revelou que os deputados Simão Ribeiro, Luís Vales, Miguel Santos e Virgílio Macedo não integraram a lista em lugares elegíveis “por vontade do presidente do partido”.

O PÚBLICO confrontou o líder da distrital com estes relatos, mas Alberto Machado não quis prestar declarações.

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