Votação final para o FMI será entre Dijsselbloem e Georgieva

Ao fim de duas rondas de votações para a escolha do candidato europeu à liderança do FMI ainda não foi possível atingir uma maioria qualificas, mas já só restam dois candidatos.

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LUSA/MANUEL DE ALMEIDA

Depois de Centeno, na quinta-feira ao fim do dia, também a ministra espanhola das Finanças, Nadia Calviño, e o governador do Banco da Finlândia Olli Rehn decidiram esta sexta-feira retirar os seus nomes dos boletins de voto para a escolha do candidato europeu a substituir Christine Lagarde na liderança do Fundo Monetário Internacional (FMI), na sequência de duas rondas de votação em que ficou claro que não eram os melhor colocados para obter a necessária maioria qualificada.

Após a realização de uma primeira ronda de votação entre as capitais europeias (feita através de email), o Ministério das Finanças de Espanha anunciou que Nadia Calviño se retirava da próxima fase do processo de escolha numa tentativa de contribuir para a obtenção de um consenso. Já ao início da tarde, depois de uma segunda ronda de votação, que também não permitiu que nenhum dos três nomes colocados a votos atingissem uma maioria qualificada, foi a vez de Olli Rehn optar pela desistência.

O ministro das Finanças português, mesmo antes de qualquer voto ser realizado, tinha feito o mesmo no dia anterior, deixando no entanto a porta aberta a uma eventual retomada da candidatura, caso não fosse possível através do sistema de votação chegar a uma escolha.

Seguir-se-á agora uma nova votação, já só com dois nomes na corrida: o ex-presidente do Eurogrupo Jeroen Dijjselbloem (que à partida contava com o apoio da Alemanha e dos países do Eurogrupo, mas a forte oposição dos países a Sul), e a vice-presidente do banco Mundial e ex-comissária europeia Kristalina Georgieva (apoiada inicialmente pela França e alguns países de Leste).

Mesmo só com dois candidatos, não é garantido que da votação saia algum com uma maioria qualificada, já que esta é definida como a obtenção do apoio de mais de 55% dos Estados-membros, representando mais de 65% da população da UE. Nesta fase, parece provável subsistir uma divisão entre países do Norte e do Sul, com os últimos muito reticentes a darem o seu apoio ao ex-presidente do Eurogrupo. Os países a Leste podem também inclinar-se mais para a candidata búlgara. Pode, no entanto, haver excepções a estas lógicas, também relacionadas com a afiliação política dos candidatos ainda em jogo.

No caso de Kristalina Georgieva, a sua escolha como candidata europeia implicaria ainda um esforço adicional por parte da UE que era convencer o FMI a alterar as suas regras de limite de idade, já que a búlgara já ultrapassou a idade máxima permitida.

Para além disso, a escolha do candidato europeu não significa que este venha a ser com toda a certeza o futuro líder do FMI. Apesar de existir um entendimento entre EUA e UE relativamente à manutenção de uma liderança europeia, outros países irão apresentar candidatos, que terão de ser votados a nível mundial.

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