Os cavalos-marinhos da Ria Formosa estão em perigo. Esta campanha quer salvá-los

A preservação do cavalo-marinho, espécie ameaçada de extinção e característica da Ria Formosa, no Algarve, é o principal objectivo de uma campanha de sensibilização organizada pelo Instituto de Conservação da Natureza e Florestas (ICNF), pelo Parque Natural da Ria Formosa e pela Fundação Oceano Azul. “A cavalgar para a extinção” é o mote da campanha — e também do vídeo que a acompanha —, pensada para proteger a espécie da Ria Formosa, uma zona húmida protegida que abrange vários concelhos do litoral do sotavento algarvio e é um dos principais habitats onde o cavalo-marinho está presente, tendo chegado a albergar “a maior comunidade do mundo destes animais”. 

Os organizadores da campanha referem que essa comunidade era constituída por “populações das duas espécies de cavalos-marinhos” e havia “milhões de indivíduos” na Ria Formosa, mas advertem que, “duas décadas após esta descoberta, desapareceram 90% dos cavalos-marinhos” que existiam nessa zona húmida protegida do Algarve. “Em 2018, solicitámos ao investigador da Universidade do Algarve Miguel Correia a realização de um censo, pois havia indícios de que as populações da ria estariam a ser delapidadas e as últimas contagens tinham sido realizadas em 2012. Em seis anos, desapareceram 600 mil cavalos-marinhos”, lamentou Emanuel Gonçalves, administrador da Fundação Oceano Azul, citado num comunicado das entidades organizadoras da iniciativa enviado à Lusa.

Emanuel Gonçalves avisa ainda que as populações de cavalos-marinhos da Ria Formosa “correm o risco de não terem um número mínimo que permita a sua recuperação, extinguindo-se”, caso não sejam adoptadas medidas para eliminar num “curtíssimo espaço de tempo” os “factores de pressão identificados”. “Esta campanha pretende sensibilizar o público e apontar três soluções concretas: não apanhar ou tocar nos cavalos-marinhos, fundear os barcos de recreio com precaução evitando zonas de ervas marinhas e evitar fazer ruído com as embarcações fora dos canais de navegação”, adiantaram os organizadores.

O administrador da Fundação Oceano Azul frisa que há “duas espécies existentes em Portugal” e elas “são particularmente vulneráveis a factores de pressão (pesca ilegal, poluição sonora, alteração ou destruição do seu habitat preferencial, nomeadamente áreas de pradarias de ervas marinhas), que os afectam directa ou indirectamente por serem peixes sedentários e frágeis”. O director regional de Conservação da Natureza e Florestas do Algarve, Joaquim Castelão Rodrigues, reconhece também que é “fundamental a execução de um plano de acção desenvolvido em parceria com entidades regionais e nacionais” para “a preservação destas espécies”.

Esta quarta-feira, 1 de Agosto, junto ao Cais das Portas do Mar, na baixa de Faro, realizou-se uma mesa redonda no âmbito desta campanha.