Guimarães valoriza zona húmida no Rio Ave

Situadas no limite nordeste do concelho, as lagoas vão ser protegidas graças a um projecto do município, aprovado pelo Fundo Ambiental, que aposta na educação ambiental da comunidade.

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Quando o Ave chega à União de Freguesias de Arosa e Castelões, no limite entre os concelhos de Guimarães e da Póvoa de Lanhoso, as águas abrandam face aos obstáculos que aí encontram. As lagoas e os charcos aí proporcionados pela natureza são o habitat de algumas espécies animais e vegetais que normalmente se encontram em zonas húmidas – flora como o lírio-amarelo-dos-charcos e avifauna como o guarda-rios. Para preservar e valorizar esse património natural, a Câmara Municipal de Guimarães elaborou o projecto “Lagoas e Charcas do Rio Ave”. A iniciativa custa 75.000 euros e é financiada em 50% pelo Fundo Ambiental.

A autarquia prevê a remoção de plantas invasoras, a acácia nomeadamente, e a sua substituição por espécies autóctones, como o freixo, o salgueiro e o amieiro, afirmou ao PÚBLICO o coordenador da iniciativa, Ricardo Martins. Mas o projecto contempla, na sua memória descritiva, outras medidas: a identificação das espécies que lá existem, a monitorização da qualidade da água e a delimitação de perímetros de segurança em espaços nos quais “alguma flora precisa de crescer de forma robusta”, sem ser pisada. “O espaço é frequentado pelas pessoas, e o pisoteio pode comprometer a formação de espécies de fetos mais sensíveis”, explicou o técnico municipal, geógrafo de formação.

As lagoas são localmente conhecidas como as Charcas dos Três Moinhos e outra das metas da autarquia é a transformação de um desses três moinhos num “centro de educação ambiental, com painéis informativos, de onde se possa avistar as espécies a montante e a jusante”, adiantou Ricardo Martins.

Estes objectivos, todavia, vão ser apenas concretizados em parceria com os habitantes daquela União de Freguesias, cerca de 800, no total. A equipa responsável pelo projecto realça, na sua memória descritiva, a intenção de constituir “grupos de trabalho voluntários e intergeracionais para a acção ambiental”. Antes de partirem para o terreno, os voluntários daquele território vão ter formação científica sobre zonas húmidas no Laboratório da Paisagem, instituição ligada à Câmara de Guimarães. “A iniciativa foi aprovada no âmbito do programa EducarTe, do Fundo Ambiental, e só faz sentido com a participação da comunidade”, frisou o geógrafo.

O município vimaranense privilegiou aquela zona do concelho, a cerca de 20 quilómetros da cidade, por ser a única elegível pelo Fundo Ambiental, esclareceu ao PÚBLICO a vereadora do ambiente, Sofia Ferreira.  “Este trabalho ocorre num meio rural, com poucos habitantes, mas pode servir de projecto-piloto para outras áreas de interesse natural no concelho”, acrescentou.

O projecto, disse ainda a responsável, enquadra-se na estratégia de desenvolvimento sustentável do concelho para 2030. A redução da pegada ecológica em Guimarães é outro objectivo – em 2016, os vimaranenses precisavam de mais de duas Terras para se sustentarem por ano, embora a sua pegada estivesse abaixo da média nacional.

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