Ano lectivo vai arrancar sem nova oferta de camas para universitários do Porto

Número de camas públicas continua a ser 1050. No ano lectivo seguinte deverá nascer a primeira cooperativa de habitação da academia do Porto

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Residência universitária Alberto Amaral está a ser ampliada Nelson Garrido

São duas notícias, a equilibrar a balança entre o negativo e o positivo. A Federação Académica do Porto (FAP) revelou esta quinta-feira que no próximo ano lectivo os estudantes da cidade continuarão a ter as mesmas 1051 camas públicas do ano lectivo agora fechado. Mas que o novo “bairro académico”, a “primeira cooperativa de habitação da academia do Porto” deverá estar pronta daqui a um ano.

A falta de oferta pública poderá, no entanto, ser mitigada durante o ano de 2020, disse à Lusa fonte do gabinete de imprensa da Universidade do Porto. Depois de terminarem as obras na residência universitária Alberto Amaral, o número de camas deve ascender aos 1300.

Já o bairro académico, com oferta de mil camas, vai abrir em 2021 no pólo universitário da Asprela. “A ideia será lançar a primeira pedra até Setembro, sendo que em 2021 o objectivo é estar pronto”, disse João Pedro Videira, presidente da FAP, à Lusa. Este projecto prevê a oferta de “mil camas para estudantes” em terrenos pertencentes à Santa Casa da Misericórdia, que estavam ocupados pela actual Universidade Lusófona, mas cuja instituição vai libertar os terrenos.

No dia 26 de Fevereiro foi publicado em Diário da República um decreto-lei com o plano para aumentar o número de camas para estudantes do ensino superior em Portugal, que abrange, numa primeira fase, um aumento de 80%, cerca de 12 mil camas, e a requalificação e melhoria de condições de cerca de três mil já disponíveis. Mas o presidente da Federação Académica do Porto, João Pedro Videira, tem uma versão diferente: não vai haver “rigorosamente” nenhuma cama a mais para o próximo ano lectivo.

“Dentro do Plano Nacional para o Alojamento no Ensino Superior a única coisa que vai existir serão 186 novas camas para Lisboa”, garantiu, lamentando que “para o Porto não há nada”. Segundo o presidente da FAP, o que existe actualmente no Porto é um “conjunto de parcerias” estabelecidas entre entidades da cidade como, por exemplo, entre a FAP e a Santa Casa da Misericórdia do Porto ou entre a Misericórdia e o Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar. E também projectos da Universidade do Porto, com a recuperação da ala que estava fechada da residência universitária Alberto Amaral, e a nova residência anunciada pela Câmara do Porto para as instalações do antigo quartel de Monte Pedral.

“Continuam a faltar camas para os estudantes nacionais”, alerta, reconhecendo que mesmo com o aparecimento de alojamento estudantil de luxo, no privado, o problema fica longe de ser resolvido.

O plano do Governo, que visa duplicar em dez anos a oferta de alojamento para estudantes, e que arrancou em Fevereiro, incluía, numa primeira fase, a construção, reabilitação e requalificação de mais de 250 imóveis no país, abrangendo mais de 7500 camas nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto (6927 novas camas para a Área Metropolitana de Lisboa e 1650 novas camas para o Norte).

Na altura, o presidente da Câmara do Porto, Rui Moreira, demonstrou “muita preocupação” sobre as “desproporções” de novas camas para universitários previstas para Lisboa em relação ao Porto.

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