Cancelado festival de homenagem a Woodstock

Evento em 1969 foi um dos marcos do movimento hippie. Organização teve problemas em conseguir encontrar local para acolher o festival que tentaria recriar e celebrar o espírito de há 50 anos.

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O rapper Common, o produtor Michael Lang e o cantor John Fogerty anunciaram cartaz do festival em Março Brendan McDermid / REUTERS

O festival que assinalaria o 50.º aniversário de Woodstock nos EUA foi cancelado. A organização diz que a decisão foi motivada por uma série de “contratempos inesperados”. O festival que se realizaria entre os dias 16 e 18 de Agosto teria como objectivo celebrar o aniversário de um momento-chave do movimento hippie. A organização prometia reunir mais de 60 artistas: Jay-Z, Miley Cyrus e Imagine Dragons seriam alguns dos músicos que trariam contemporaneidade ao festival, que não esqueceria o legado de 1969 e recordaria também os nomes que actuaram no evento original. 

Os responsáveis pelo festival de música, conhecido como Woodstock 50, não conseguiram assegurar um local que agradasse aos artistas, depois de, em Junho, o autódromo Watkins Glenn International, no estado norte-americano de Nova Iorque, ter voltado atrás no acordo para receber a celebração de três dias. Este local tinha capacidade para receber 100 mil festivaleiros. A recusa foi um duro golpe para a organização que já passava por dificuldades. Em Abril, o principal parceiro a nível financeiro, a empresa de publicidade japonesa Dentsu Aegis, abandonou o projecto, retirando os 18 milhões de dólares de fundos que iriam suportar o festival.

“O timing ditou que não sobraram muitas escolhas quanto ao local onde os nossos artistas poderiam actuar. Trabalhámos arduamente para tentarmos produzir uma homenagem em condições — e alguns artistas fantásticos juntaram-se na semana passada para apoiarem o Woodstock 50 — mas, simplesmente, esgotou-se o tempo”, afirmou Greg Peck, da organização, citado pelo Guardian

Depois da recusa do circuito que costuma receber corridas de NASCAR, a organização tentou, por duas vezes, assegurar um local para o evento, mas sem sucesso. Num último esforço, foi anunciado que o evento se realizaria em Maryland, num anfiteatro de com aproximadamente um quinto da lotação do local inicialmente avançado. Por esta altura, já poucos acreditavam que o festival se fosse realizar. Muitos dos principais artistas tinham anunciado publicamente que não iriam actuar no Woodstock 50, apesar de alguns já terem recebido pagamento pelos concertos. Segundo escreve o jornal brasileiro Folha de S.Paulo, todos estes contratos explicitavam que as actuações seriam feitas no Watkins Glenn International, permitindo aos músicos recusarem assim qualquer envolvimento directo com a organização do festival. 

Michael Lang, co-produtor do festival de Woodstock em 1969, lamentou a perda de uma oportunidade para replicar o ambiente experienciado na cidade de Bethel, no estado de Nova Iorque, na década de 60. “Estamos tristes que uma série de contratempos imprevistos tenham tornado impossível a realização do festival que tínhamos imaginado, com o conjunto de artistas fantásticos que tínhamos definido e a interacção social de que estávamos à espera”, explica em comunicado, citado pelo The Guardian. Nesse documento, Lang garante que o evento no anfiteatro serviria para recolher fundos para organizações não-governamentais de combate às alterações climáticas e outras que incentivassem ao voto nas eleições norte-americanas de 2020. Não foram colocados à venda bilhetes para o festival. 

O Centro de Artes de Bethel Woods, sediado no local onde ocorreu o festival de 1969, também tinha organizado um festival de três dias em celebração do aniversário redondo, mas contará apenas com concertos separados de Ringo Starr, Santana e Doobie Brothers. "Os meus pensamentos vão agora para Bethel e a sua celebração do nosso 50.º aniversário para reforçar os valores de compaixão, dignidade humana e beleza das nossas diferenças aceites pelo festival de Woodstock”, concluiu Michael Lang.

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