Os protagonistas do conselho nacional do PSD

Rui Rio viu as listas de candidatos a deputados aprovadas por 74% dos conselheiros.

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Foi uma reunião “quente”, com muitas críticas à direcção nacional, que começou com uma hora de atraso, às 22h, e terminou já às 3h desta quarta-feira.

O vetado

Hugo Soares, o deputado que sucedeu a Luís Montenegro na liderança do grupo parlamentar do PSD, foi o único nome que a direcção nacional do PSD vetou para as listas. Na hora de acertar contas com o líder, Hugo Soares fez um pedido a Rui Rio do em pleno conselho nacional: “Peço-lhe que a raiva que tem ao PSD a coloque contra o PS para fazer jus às suas palavras de que perde sondagens, mas ganha eleições. É nesse combate que eu também estou”. Mais tarde, aos jornalistas não resistiu a dizer: “É um veto cheio de futuro”.

O convertido

Surpreendentemente, Luís Filipe Menezes tornou-se num dos mais indefectíveis apoiantes de Rui Rio. Depois do abraço que trocou com o líder do PSD no conselho nacional extraordinário do PSD do Porto, onde se disponibilizou para integrar a lista de deputados pelo distrito em último lugar, Menezes faz questão de aparecer e mostrar que está ao lado daquele que um dia já foi seu arqui-rival. No conselho nacional do PSD desta terça-feira, o antigo presidente do PSD foi a Guimarães defender Rio. “Nunca nenhum líder do partido enfrentou um PS forte e no poder, como apenas umas dezenas de autarquias rurais do seu lado”, disse, vincado que “não foi Rui Rio que construiu este patamar negativo. Se o diabo tivesse sido exorcizado há dois anos e meio, tinha sido diferente”. A alusão era óbvia.

A surpresa

O antigo secretário de Estado Jorge Neto, um dos responsáveis, juntamente com Ângelo Correia, pela área da Defesa do programa do PSD para as eleições legislativas, foi um das surpresas da reunião social-democrata ao acusar o líder do partido de estar a fazer “uma limpeza” nas listas de deputados. Alertando que as escolhas de Rio terão reflexo no resultado e na “qualidade” do futuro grupo parlamentar, Jorge Neto disse que o critério que presidiu às escolhas dos candidatos a deputados à Assembleia da República foi do “amiguismo e fidelidade a certas pessoas”. “Esta renovação [nas listas] a meu ver é um eufemismo. Isto é uma limpeza!”

O novo “vice"

José Manuel Bolieiro é o novo vice-presidente que o líder do partido foi buscar à Câmara de Ponta Delgada para ocupar um lugar que já foi de Manuel Castro Almeida que se demitiu recentemente. O nome do novo vice-presidente social-democrata foi aprovado por 84 votos a favor, 18 brancos e 12 nulos, uma votação que expressa que a escolha do novo rosto da direcção não foi do agrado de todos.

A escolhida

Dos seis vice-presidentes do PSD, apenas Isabel Meirelles, será candidata a deputada. A social-democrata vai ocupar o quarto lugar na lista por Lisboa que é encabeçada pela vereadora da Câmara de Cascais, Filipa Roseta. O secretário-geral, José Silvano, está na segunda posição.

O “pára-quedista”

No total dos 331 candidatos a deputados do PSD, entre suplentes e efectivos, há um “pára-quedista”, a expressão é do secretário-geral, José Silvano. O “pára-quedista” que o PSD candidata às eleições legislativas de Outubro na lista pelo distrito de Leiria é Pedro Roque, secretário-geral da estrutura autónoma dos Trabalhadores Social-Democratas, um órgão nacional. Na conferência de imprensa em que apresentou os três primeiros nomes de cada lista, José Silvano fez questão de dizer que só há um “pára-quedista” nas listas de deputados, já que todos os outros candidatos são naturais ou têm ligações ao distrito pelo qual concorrem.

O vencedor

Para o PSD-Viseu valeu a pena a tempestade criada contra a tentativa da direcção nacional de meter João Montenegro, ex-assessor de Pedro Passos Coelho, na lista pelo distrito. Fernando Ruas, que Rui Rio convidou para encabeçar a candidatura, ameaçou sair da lista se João Montenegro ocupasse o segundo lugar, que estava destinado a Pedro Alves, que é considerado um deputado incansável. Afinal, João Montenegro anunciou agora que recusou ocupar o quinto lugar que lhe foi oferecido, que considerou não ser elegível. Pedro Alves, que se manteve em silêncio em todo este processo, é o grande vencedor deste braço de ferro com a direcção nacional que o deixou de fora de quaisquer cargos, ignorando o enorme esforço que o deputado teve em mobilizar o distrito para a campanha das directas contra Pedro Santana Lopes, que tinha em Viseu Almeida Henriques, presidente da câmara, como seu mandatário nacional.

O ausente

O eurodeputado Paulo Rangel, eleito em Maio para um terceiro mandato, foi o grande ausente do conselho nacional de Guimarães. Na noite das eleições europeias, o presidente do partido responsabilizou-o pela pesada (21,94%) derrota que o PSD sofreu. Houve quem não gostasse da postura de Rui Rio, que deveria ter assumido por inteiro a pesada derrota do partido que lidera. 

O escolhido

A escolha de Paulo Rios para ocupar a 11.ª posição na lista do PSD-Porto foi a gota de água para a minicrise que se abriu no distrito entre a direcção nacional e a poderosa distrital do Porto. Rio não resistiu à pressão do seu núcleo duro e impôs Paulo Rios. Pressionado pelos protestos dos militantes do distrito por não se encontrarem representados na lista, Alberto Machado convocou a comissão permanente da distrital para a mesma hora em que decorria em Guimarães a comissão permanente da nacional. Em cima da mesa estava a ameaça do Porto votar contra a lista de deputados. A indignação era grande, mas Alberto Machado acabou por defraudar as expectativas dos seus correligionários ao abster-se na hora da votação. A tempestade na distrital pode ainda estar a começar agora.

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