O mundo à beira do apocalipse

1983: O mundo à beira do apocalipse, do historiador Taylor Downing, conta os pormenores de uma crise que fez o Kremlin estar mais do que preparado para ordenar o lançamento de mísseis.

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O mundo esteve à beira do abismo nuclear mais de uma vez. Mais do que contar os pormenores da crise de 1983, o livro 1983: O mundo à beira do apocalipse, do historiador Taylor Downing, explica como as lideranças norte-americana e soviética contribuíram para lá se chegar. Os Estados Unidos optaram pela escalada de tensão, a União Soviética tornou-se paranóica.

Prometendo mão dura contra os soviéticos, o então Presidente dos EUA, Ronald Reagan, aumentou exponencialmente os gastos com a Defesa, anunciou o programa de um escudo de mísseis anti-nuclear – o “Guerra das Estrelas” –, ordenou operações militares psicológicas nas fronteiras soviéticas e apelidou a União Soviética de “império do mal”. E a tensão subiu como nunca antes desde a Crise dos Mísseis de Cuba, em 1961.

Envelhecida e acossada militar e economicamente, a liderança do Kremlin temia um ataque nuclear preventivo. As suas forças armadas convencionais, ainda que numerosas e ameaçadoras na Europa, não competiam com as armas nucleares dos EUA, e a dissuasão era a sua garantia. Mas o “Guerra das Estrelas” anularia as armas nucleares soviéticas e alteraria a balança de forças.

A liderança soviética pediu aos seus agentes no Ocidente que relatassem dados que pudessem indicar um ataque nuclear (a Operação RYan), até os mais absurdos – as horas em que as luzes de edifícios britânicos eram apagadas, por exemplo. E o exercício militar Able Archer 83, da NATO, para simular um ataque soviético e a resposta nuclear ocidental, foi a prova que faltava.

Nos dias do exercício, o Kremlin esteve mais do que preparado para, em minutos, ordenar o lançamento de mísseis. Os seus líderes dormiram sempre com a mala de códigos a um braço de distância. O mundo não deu pela crise, mas, no Kremlin, tudo parou. E Washington de nada sabia.

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