Life Lines: esta aplicação quer reduzir a morte de animais nas estradas

Aplicação da Infra-Estruturas de Portugal já está disponível para download gratuito. Entre 2005 e 2019, morreram 81.972 animais nas estradas portuguesas.

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Rita Baleia /Publico

A Infra-Estruturas de Portugal (IP) lançou nesta terça-feira, 30 de Julho, a aplicação Life Lines, que, através do registo do atropelamento de animais, vai permitir perceber onde é preciso agir e implementar medidas para diminuir as mortes e conservar a biodiversidade. “A aplicação vai permitir saber onde existe maior atropelamento de animais para tomarmos medidas mais eficazes e conseguirmos reduzir as mortes”, explicou a bióloga da direcção de engenharia da IP, Graça Garcia, numa apresentação na sede da empresa, em Almada, no distrito de Setúbal.

Com a ajuda dos cidadãos, a informação registada sobre a morte de um animal, em qualquer estrada do país, vai ser incluída numa base de dados já existente, uma vez que a IP dinamiza o projecto Life Lines desde 2014, com várias iniciativas de preservação da natureza. A ferramenta digital foi desenvolvida em parceria com a Universidade de Évora e, segundo o coordenador do projecto na instituição, António Mira, além de mitigar efeitos negativos, pretende-se “sensibilizar as pessoas e envolvê-las”.

De acordo com o responsável, entre 2005 e 2019, morreram 81.972 animais nas estradas portuguesas, com maior incidência em anfíbios, aves e mamíferos. “As mortes acontecem mais no Outono e afectam sobretudo animais de pequena dimensão, como os anfíbios. Há uma mortalidade em massa, mas passam despercebidos por serem pequenos. As pessoas questionam porque andamos a gastar dinheiro a salvar rãs e sapos, mas estes animais são importantes, por exemplo, para evitar pragas”, frisou. Ainda assim, como sublinhou Graça Garcia, “não é só a segurança dos animais que está em causa, mas também das pessoas, para evitar acidentes”.

O Life Lines tem vindo a ser testado no Alentejo Central e dinamizou várias medidas para “minimizar o efeito barreira que as estradas criam aos habitats” de corujas, anfíbios ou mamíferos, que podem posteriormente ser replicados onde for necessário, segundo a bióloga. No caso das aves, foram colocadas barreiras de rede e vegetação arbustiva para que voem mais alto, assim como reflectores que expandem a luz dos faróis na direcção das áreas exteriores à via. Já para os animais terrestres, foram implementadas passagens hidráulicas e vedações que os encaminham para as mesmas, além de um sinal de trânsito “inovador” em Portugal, que alerta os condutores de que estão num troço com grande risco de atropelamento de anfíbios.

A aplicação já está disponível para download no Google Play, é gratuita e permite registar a mortalidade de um animal em qualquer estrada do país, a espécie, o sexo, a idade, as coordenadas GPS e fotografias; no entanto, se o condutor não souber nenhuma destas informações, existe a opção “não sei”.

Além da IP e da Universidade de Évora, também cooperaram neste projecto os municípios de Évora e Montemor-o-Novo e a ONG Marca — Associação de Desenvolvimento Local.

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