PJ deteve suspeito de crime de incêndio em prédio devoluto no Porto

O detido, um sem-abrigo, terá provocado a ignição num colchão, após uma discussão com outro morador. Em causa poderão estar supostas dívidas e permanência de cães na habitação ocupada ilegalmente.

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Nelson Garrido

A Polícia Judiciária (PJ), através da Directoria do Norte, identificou e deteve o presumível autor do incêndio que decorreu na tarde desta segunda-feira, num edifício devoluto situado na Rua de Pinto Bessa, já na parte que pertence à freguesia do Bonfim, no Porto.

Em comunicado, a PJ afirmou que, no início da tarde do dia de segunda-feira, o detido terá provocado a ignição num colchão, com recurso a um isqueiro, após um “atrito” com o outro residente, relacionado com supostas dívidas e permanência de cães no interior do edifício, que ambos ocupavam ilegalmente.

Actualmente, a habitação era ocupada por dois casais sem-abrigo. Um dos residentes, que estava a viver no prédio com a esposa há três meses, tinha também um cão a viver lá, tendo admitido ao PÚBLICO estar “desesperado” com a possibilidade de perder o cão no incêndio. Segundo Pedro Silva, coordenador de Investigação Criminal da PJ, este foi “um acto de vingança” e uma “tentativa de matar os animais”.

O detido, de 54 anos, vai agora ser presente à autoridade judiciária competente para primeiro interrogatório judicial e aplicação das medidas de coacção adequadas.

O interior da residência ficou “seriamente destruído”, assim como o próprio edifício, não se tendo as chamas alastrado aos prédios contíguos graças “à pronta intervenção do Batalhão de Sapadores Bombeiros do Porto”, como a PJ afirma no comunicado enviado à imprensa. O comandante Carlos Marques revelou que o rés-do-chão ficou “praticamente intacto”, mas sublinhou que “a varanda, o piso superior e a cobertura ficaram destruídos”.

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O incêndio obrigou à evacuação de um edifício contíguo e causou dois feridos ligeiros. O comandante contou ainda que “duas pessoas foram assistidas no local por inalação de fumo, sendo que uma delas seria moradora do prédio e a outra seria moradora do prédio contíguo”.

Para este edifício, devoluto pelo menos desde 2015, está prevista a construção de um hotel de quatro estrelas, que implica a demolição do prédio existente. O projecto foi aprovado pela Direcção Municipal do Urbanismo já em Julho de 2017.

Ainda há uma semana, o assunto dos incêndios foi debatido em reunião da Câmara do Porto. No entanto, a autarquia garantiu que o número de incêndios no centro histórico está estabilizado.

Texto editado por Ana Fernandes

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