Um contributo para o avanço da ciência

Um player no avanço das Ciências da Vida. É assim que quatro investigadores resumem o impacto do Programa de Apoios Científicos da Fundação BIAL. Uma posição corroborada pelos números: 692 projectos financiados em 25 anos.

Foto
“Estamos a dar o nosso contributo para que seja possível fazer mais investigação nas Ciências da Vida e, por isso, o balanço que fazemos é muito positivo", refere Nuno Sousa, membro do conselho de administração da Fundação BIAL. D.R.

O que têm em comum Miguel Farias, Stefan Schmidt, João Marques Teixeira e Eus van Someren? São quatro dos cerca de 1500 investigadores beneficiários da Fundação BIAL nos 25 anos de vigência do programa de Apoios à Investigação Científica. Este é um programa que se inscreve na missão de incentivar a investigação científica nas Ciências da Saúde. Contudo, como destaca o professor Nuno Sousa, membro do Conselho de Administração, trata-se de uma área muito vasta, pelo que “não seria possível apoiar, de uma forma importante, toda a investigação científica nela feita”, o que levou à opção de privilegiar duas áreas: a Psicofisiologia e a Parapsicologia.

Desde 1994, a Fundação financiou 692 projectos, de que resultou a publicação de 1084 artigos científicos em revistas indexadas, dos quais 899 em revistas com factor de impacto. Justificando a relevância desses artigos, Nuno Sousa realça que o factor de impacto médio destas publicações é 3.6, sendo que 161 dos artigos foram publicados em revistas com factor de impacto superior a 5. Além de que cerca de metade foram publicados em revistas do quartil mais elevado, diz, notando que estes artigos mereceram mais de 16 mil citações pela comunidade científica. “Estamos a dar o nosso contributo para que seja possível fazer mais investigação nas Ciências da Vida e, por isso, o balanço que fazemos é muito positivo”, conclui.

Positivo é igualmente o balanço feito por Miguel Farias. Doutorado em Psicologia Experimental pela Universidade de Oxford e director do Laboratório Brain, Belief, & Behaviour, na Universidade de Coventry (Reino Unido), viu quatro projectos contemplados, todos na área da Parapsicologia. Tudo começou ainda estudante da Faculdade de Psicologia, em Lisboa, quando a Fundação organizou o primeiro simpósio “Aquém e Além do Cérebro”: “Muitos dos tópicos que não se discutiam na universidade, e que eu lia com gula no intervalo das aulas, eram ali debatidos. Soube, pela primeira vez, que era possível trilhar um caminho de investigação diferente. E foi o que fiz, regularmente apoiado pela Fundação BIAL. Dos efeitos da oração, à neuro-imagem das decisões morais, passando pelas experiências de peregrinação, os efeitos da meditação e yoga em prisioneiros, a neurociência da crença no paranormal, até ao mais recente projecto sobre a psicologia da possessão a Fundação deu asas e chão à minha curiosidade”, partilha.

João Marques Teixeira da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, do Porto, conta com três projectos em Psicofisiologia financiados. D.R.
Miguel Farias. Doutorado em Psicologia Experimental pela Universidade de Oxford e director do Laboratório Brain, Belief, & Behaviour, na Universidade de Coventry (Reino Unido), viu quatro projectos contemplados, todos na área da Parapsicologia. D.R.
O contacto do alemão Stefan Schmidt com a fundação remonta a 2004, ano em que submeteu a primeira proposta de apoio: desde então, este investigador do Departamento de Medicina Psicossomática do Medical Center, da Universidade de Freiburg, já participou em oito projectos financiados. D.R.
O holandês Eus van Someren, do Departamento do Sono e Cognição do Instituto de Neurociências de Amesterdão, enfatiza a oportunidade dada aos jovens: “O programa da Fundação BIAL tem permitido que jovens cientistas reúnam e analisem dados que permitem avaliar novas perspectivas". D.R.
Fotogaleria
João Marques Teixeira da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, do Porto, conta com três projectos em Psicofisiologia financiados. D.R.

Já o contacto do alemão Stefan Schmidt com a Fundação remonta a 2004, ano em que submeteu a primeira proposta de apoio. Desde então, este investigador do Departamento de Medicina Psicossomática do Medical Center, da Universidade de Freiburg, já participou em oito projectos financiados. Sobre este programa diz que corresponde “perfeitamente” aos seus interesses, na medida em que se tem dedicado à investigação em temáticas como a intenção à distância e a meditação e mindfulness. E não hesita em afirmar que a Fundação se tornou um dos pilares da sua carreira: “Comecei como um jovem pós-doc e hoje, 15 anos depois, tenho uma cátedra e sou membro da Comissão Organizadora dos Simpósios da Fundação BIAL”. Reitera, ainda, que a Fundação é um dos principais players que garante a investigação académica num cenário em que “a Parapsicologia dificilmente recebe fundos públicos”. “Se existe um campo vivo de investigação sobre estas matérias nas instituições académicas, deve-se ao contributo da Fundação BIAL. E isto tem um impacto na Ciência que nunca é demais valorizar”, frisa.

Em sintonia está João Marques Teixeira, da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação, do Porto, com três projectos na vertente da Psicofisiologia financiados: “O apoio que a Fundação BIAL tem dado à investigação fundamental na área das ciências do comportamento, nomeadamente em Neuropsicofisiologia, tem sido muito importante. Isto porque, em Portugal, ainda é necessário existir um conjunto de instituições que suplementem o papel do Estado no apoio à investigação”. Reforça que o foco em projectos que aumentem o conhecimento sobre o funcionamento psicológico normal, como o envelhecimento cerebral e as suas consequências sobre o comportamento, é de uma importância capital. “Muito me regozijo com o facto de os nossos projectos terem vindo a ter a aceitação pela Fundação, permitindo manter equipas jovens a laborar em permanência e a aumentar o conhecimento científico nacional e internacional sobre este domínio”, declara. E concretiza: “Ocupando-se o nosso laboratório destes temas através de metodologias de ponta, o apoio da Fundação tem sido essencial para o manter equipado ao mais alto nível”. 

Também o holandês Eus van Someren, do Departamento do Sono e Cognição do Instituto de Neurociências de Amesterdão, enfatiza a oportunidade dada aos jovens: “O programa da Fundação BIAL tem permitido que jovens cientistas recolham e analisem dados que permitem avaliar novas perspectivas. Graças ao seu trabalho, temos uma melhor ideia sobre os mecanismos cerebrais da insónia. E, igualmente importante, este trabalho tem sido publicado em jornais de grande impacto. O que prova que as suas ideias são altamente válidas.”

Beneficiário por duas vezes dos apoios da Fundação, considera que este é um programa crítico para os cientistas que investigam o cérebro e a mente e que estão ávidos de explorar o desconhecido ou têm dúvidas sobre a validade de algum “conhecimento dos manuais”. “Encontrar fundos para novas ideias pode ser difícil”, resume, considerando que a Fundação BIAL assume uma “posição única” ao apoiar estes estudos com “uma mente aberta”.