Futebol inglês avança para as expulsões temporárias (mas longe da Premier League)

A partir desta época, os árbitros dos escalões amadores em Inglaterra já podem mandar um jogador para o banco durante dez minutos.

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No andebol são sempre dois minutos, no voleibol pode ir até ao final de um set, no hóquei em patins são também dois minutos (ou até a equipa em vantagem numérica marcar um golo), no hóquei no gelo o intervalo vai de dois a cinco minutos, no râguebi são dez. As expulsões temporárias estão nas regras de muitos desportos colectivos e, a partir desta época, serão aplicadas, bem longe da Premier League, no futebol sénior amador de Inglaterra, depois de vários testes com sucesso nas últimas duas temporadas. Esta já era uma situação prevista nas Leis de Jogo desde 2017 que a Football Association (FA) decidiu aplicar em 2019-20 do décimo escalão para baixo (nos homens) e da terceira divisão para baixo (nas mulheres).

Este é um instrumento disciplinar à disposição dos árbitros para dissuadirem os jogadores de reclamarem do teor das suas decisões. Se um jogador protestar calorosamente (seja através de palavras ou gestos) com o juiz principal do jogo, recebe um cartão amarelo e ordem para ficar fora do campo durante dez minutos. Se o mesmo jogador repetir a infracção, recebe novo cartão amarelo e nova ordem de saída do jogo, sendo que, neste caso, já não poderá voltar — a sua equipa ficará a jogar com menos um durante dez minutos, podendo, depois, fazer entrar um jogador diferente para o seu lugar. No caso de ser um guarda-redes, é um jogador de campo a calçar as luvas durante dez minutos.

Esta é a nova regra a que ficarão sujeitas centenas de equipas amadoras no futebol inglês e que também será aplicada no futebol juvenil, de veteranos e de deficientes, sendo que o futebol profissional está fora do alcance desta regra, segundo as directivas de 2017 do International Football Association Board (IFAB), o organismo que rege as leis do futebol. Ou seja, até haver uma directiva nesse sentido por parte do IFAB, ligas profissionais de clubes como a Premier League ou a Liga portuguesa, ou as competições entre selecções estarão fora do âmbito da regra a que os ingleses chamam “sin bin”.

Até chegar à aplicação da regra, a FA fez duas épocas de testes em 31 Ligas amadoras. Segundo os números que divulgou nesta terça-feira, houve uma redução em 38% dos casos em que os jogadores reclamam das decisões dos árbitros; e, entre todos os envolvidos, houve uma vontade expressa de aplicar a expulsão temporária a título definitivo — 84% dos árbitros, 77% dos treinadores e 72% dos jogadores. “A discussão é uma questão-chave com a qual temos de lidar. As fases de teste provaram que os ‘sin bins’ funcionam bem. Mostraram ter um enorme impacto nos comportamentos”, argumentou Mark Bullingham, director-executivo da FA, citado pela BBC.

Os testemunhos apresentados pela FA reforçam o sucesso que a medida teve durante a fase de testes. “No início, pensei que ia ser um pesadelo e que os jogadores iriam parar ao ‘sin bin’ todas as semanas. Mas eles habituaram-se rapidamente e aprenderam a não reagir de forma desrespeitosa em relação aos árbitros e a outros”, conta Mason Newman, médio do Great Shelford FC. Os árbitros também dizem maravilhas desta sua nova “arma”, como Mike Sullivan, que participou nos testes: “Foram uma novidade brilhante para o controlo do jogo e a reacção tem sido fantástica.”

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