Para ajudar a escapar ao frio ou ao calor, a Sony criou um pequeno dispositivo portátil – aproximadamente do tamanho de um rato de computador – que se esconde numa camisola interior e funciona como um ar condicionado ou um aquecedor pessoal em miniatura. A temperatura é controlada através de uma aplicação no telemóvel, disponível para aparelhos Android ou iOS.

O projecto foi proposto no First Flight, a plataforma de financiamento colectivo da Sony, lançada em 2015 e que permite aos seus trabalhadores explorarem ideias originais. Em sete dias, conseguiu cerca de 570 mil euros de 4200 consumidores interessados. O valor é suficiente para o produto seguir para desenvolvimento. Um outro conceito desenvolvido nesta plataforma é um colete para cães que mostra, através de cores, o ritmo cardíaco do animal para ajudar os donos a perceber as emoções dos seus animais de estimação. 

Num vídeo de apresentação sobre o novo ar condicionado, a marca nipónica diz que o objectivo do produto – chamado Reon Pocket – é “resolver os problemas de homens de negócio no Verão” de Tóquio, que, apesar das temperaturas elevadas, trabalham de fato de gravata. Por cerca de 105 euros, o dispositivo de 85 gramas fica escondido num bolso nas costas de uma t-shirt especial, vendida com o aparelho, e recebe informação do telemóvel do utilizador (para aumentar ou diminuir a temperatura) via bluetooth.

Em vez de emitir ar quente ou frio, porém, o Reon Pocket depende do efeito Peltier – cunhado em 1834 por Jean Charles Athanase Peltier, este fenómeno ocorre quando se transmite uma corrente eléctrica entre dois condutores, obrigando-os a absorver ou gerar calor onde o dispositivo toca na pele. A posição do Reon Pocket (no cimo das costas do utilizador, a tocar no pescoço) não é aleatória: tal como os pulsos ou o peito, o pescoço é uma zona corporal que liberta muito calor e em que as veias estão mais próximas da superfície.

No máximo, alguém com o dispositivo deve ser capaz de aumentar até oito graus celsius a temperatura que está a sentir, ou arrefecer a temperatura até 13 graus celsius. A bateria deve permitir arrefecer ou aquecer alguém durante duas horas seguidas. Depois, é preciso recarregar o aparelho (vem com uma conexão USB tipo C).

A empresa não é a primeira empresa a tentar criar um ar condicionado pessoal. O fabricante de roupa desportiva Kinesix Sports, no Canadá, desenvolveu uma gama de roupa inteligente que inclui um casaco cuja temperatura é controlada via smartphone. O casaco, à prova de água, vem com vários sensores embutidos (na parte de frente e de trás do casaco, e nas mangas) que também comunicam via bluetooth com uma aplicação no telemóvel do utilizador. Há ainda o Embr Wave, desenvolvido por estudantes do MIT, nos EUA, que foi apresentado durante a CES 2018, uma enorme feira de tecnologia que ocorre anualmente em Las Vegas. Funciona de forma semelhante ao Reon Pocket, só que o aparelho fica colocado no pulso.

Os wearables – aparelhos com que as pessoas se podem equipar – são uma área em crescimento. De acordo com dados da analista IDC, o sector deve crescer 15,3% este ano com 198,5 milhões de unidades a serem enviadas para retalho até ao final de 2019. Para já, porém, os relógios inteligentes recebem a maioria do destaque (representam 24,7% do mercado de wearables), com a roupa inteligente a representar apenas 1,5% do mercado.

O Reon Pocket deve chegar aos consumidores em Março de 2020. Para já, a Sony não tem em planos para vender o aparelho fora do Japão. O preço varia entre 12,760 yen (cerca de 105 euros) para um aparelho que tem de ser controlado manualmente e uma t-shirt, ou 17,380 yen (143 euros) para um pacote com um aparelho que ajusta automaticamente a temperatura e vem com 17 t-shirts incluídas. Como o aparelho não é à prova de água, não pode ser lavado juntamente com as t-shirts.