“O pior já passou. Agora, é ter saúde para aproveitar a casa”

João Margarido e Mário Hipólito receberam, esta segunda-feira, as chaves das suas habitações, que tiveram de ser totalmente reconstruídas após os incêndios de Outubro de 2017.

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Rosa começa a arrumar a sua nova casa em Calvão, Vagos Adriano Miranda
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Ainda são visíveis as marcas da noite de Outubro de 2017 Adriano Miranda
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O casal Rosa e João Margarido estão felizes com a sua nova casa Adriano Miranda
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Em Fonte de Angeão, no concelho de Vagos, Mário Hipólito recebeu a visita das vizinhas Adriano Miranda
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O quarto de Mário Hipólito em Fonte de Angeão Adriano Miranda
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Na paisagem, junto às novas habitações, ainda são visíveis as marcas do incêndio Adriano Miranda

As divisões ainda estão vazias. Tirando os móveis de cozinha e a salamandra instalada ao canto da sala, no interior da habitação ainda parece faltar praticamente tudo. Camas, electrodomésticos, cortinados. “É para irmos agora colocando as coisas, aos poucos”, repara Rosa Ventura, minutos antes de receber as chaves da sua habitação, em Calvão, Vagos. A casa que ela e o marido tinham decidido erguer há 36 anos não resistiu à passagem “do pior dos ladrões”, o fogo, esse mesmo “que leva tudo à frente”, ilustra o marido, João Margarido. As chamas deixaram um rasto de destruição mas “o pior já passou. Agora, é ter saúde para aproveitar a casa”, declaram. 

A habitação de João e Rosa foi uma das duas residências que ficaram totalmente destruídas por causa das chamas que atingiram o município de Vagos, em Outubro de 2017. A sua reconstrução, abrangida pelo PARHP - Programa de Apoio à Reconstrução, ficou agora concluída – restam “alguns arranjos no exterior” –, permitindo-lhes regressar à rua e à vizinhança de sempre. 

“Sempre vivi nesta zona, é aqui que me sinto em casa”, confessa Rosa, de 69 anos. Ainda que pouco ou nada tenha restado da anterior habitação - nem “o álbum de fotografias escapou ao fogo” – é ali que o casal quer voltar o quanto antes. Com a esperança de que as memórias da tragédia de 15 de Outubro de 2017 se vão atenuando. “Porque esquecer é impossível”, declara João, a quem os “27 meses passados na guerra, em Angola” deram uma dose extra de resistência.

Ao contrário da mulher, não sentiu necessidade de recorrer ao apoio psicológico disponibilizado pela câmara de Vagos, mas é o primeiro a reconhecer os factos: “Aquela noite foi horrível”, declarava, poucos minutos antes de receber a presidente da Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDRC), Ana Abrunhosa, e o presidente da autarquia, Silvério Regalado, na sua habitação, agora reconstruída. 

Não muito longe dali, em Fonte de Angeão, foi Mário Hipólito Frade quem viveu a alegria de receber as chaves da sua “nova” casa. Na sala, a mesa está posta, com comida e bebida q.b. Num dos quartos, já há mobília e cama devidamente preparada. “Em termos de desenho faz lembrar a casa antiga e quanto aos materiais e à construção não tenho razões de queixa”, avaliava, em resposta à pergunta que foi dirigida por Ana Abrunhosa. Sendo fiscal de obras da câmara municipal, Mário Frade foi desafiado a avaliar a qualidade da empreitada. “As pessoas ficaram a ter melhores condições do que tinham. O resto é melhor nem lembrar”, frisava, emocionado.

Vagos foi um dos concelhos atingidos pelos fogos de Outubro de 2017. Dezenas de casas ficaram queimadas, assim como várias empresas, na sequência das chamas. Segundo Ana Abrunhosa, só em Vagos foi preciso apoiar obras em 19 habitações – entre as quais estão as duas casas que tiveram de ser totalmente reconstruídas e que foram entregues esta segunda-feira. Silvério Regalado fala num total de 50 processos, mas abrangendo também apoios à actividade empresarial e agrícola.

Não obstante ter já passado mais de ano e meio dos incêndios de Outubro de 2017, a presidente da CCDRC rejeita ter havido “demoras” no processo de reconstrução das habitações. “Só em Fevereiro de 2018 é que as famílias pediram apoio”, introduziu, lembrando, também, que “a CCDRC sentiu o que estão a sentir outras entidades com a falta de mão-de-obra na construção civil”. 

Argumentos que viriam a ser reforçados pelo presidente da câmara de Vagos. “Era utópico dizer que em seis meses as casas estavam reconstruídas”, disse, notando que “foi uma irresponsabilidade dos políticos dizer que as pessoas iriam poder passar a consoada de Natal em casa”. “Qual a pessoa que demora só um ano e meio a construir a sua casa?”, indagou. 

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