Quando Caeleb Dressel entra na piscina o assunto é urgente

Jovem nadador norte-americano tornou-se no mais medalhado de sempre numa edição dos Mundiais ao conquistar um total de oito medalhas. Superou Phelps e em Tóquio procurará a glória olímpica.

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Dizer que Caeleb Dressel viveu uma semana intensa e preenchida talvez seja dizer pouco. A dias de completar 23 anos, o nadador norte-americano fez história ao tornar-se no mais medalhado de sempre numa edição dos Mundiais, tendo conquistado um total de oito medalhas (seis ouros e duas pratas) na competição que decorreu em Gwangju, na Coreia do Sul. Dressel igualou nos Mundiais de 2017, aos 20 anos, as sete medalhas numa só edição conquistadas em 2007 por Michael Phelps. Em 2019 elevou a fasquia até alturas às quais nunca ninguém tinha chegado – com a cereja no topo do bolo a ser o novo recorde mundial nos 100m mariposa, superando um registo com dez anos que pertencia... a Phelps.

“Uma parte de mim está muito contente. Outra parte tem vontade de chorar porque [os Mundiais] chegaram ao fim”, afirmou Dressel após conquistar a oitava medalha em Gwangju, a prata na estafeta 4x100m estilos. O jovem nadador elevou o seu total pessoal em Mundiais para 15 (em 2017 conquistou sete ouros) e está apenas atrás dos compatriotas Ryan Lochte (18 ouros num total de 27 medalhas) e Michael Phelps (26 ouros em 33 medalhas).

Tudo isto com 22 anos (completa 23 a 16 de Agosto). E, quando falta um ano para os Jogos Olímpicos de Tóquio, é inevitável começar a projectar Caeleb Dressel como figura principal na natação. Para já, ele provou que lida bem com a pressão: há dois anos não era favorito e brilhou, desta vez os holofotes estavam todos apontados para ele e tornou a brilhar.

Caeleb Dressel entra na piscina e é como se uma sensação de urgência o invadisse. Assim se explica o fenómeno que protagonizou na sessão de sábado, em que conquistou três medalhas de ouro em sensivelmente duas horas. Primeiro arrebatou o título nos 50m livres, 34 minutos depois regressou à piscina para vencer os 100m mariposa, e fechou a noite com o triunfo na estafeta mista 4x100m livres. Três provas, três vitórias, e três idas ao pódio – nada de novo para Dressel, que já nos Mundiais de 2017 tinha alcançado esse feito. “Não foi fácil em 2017 e voltou a não ser fácil este ano. Não quero que seja fácil, não quero mesmo”, diria o nadador nascido na Flórida.

Em 2017 houve uma dificuldade adicional: teve de fazer durante os Mundiais um exame de álgebra, através da Internet, no curso que estava a frequentar na Universidade da Florida. Era uma preocupação para Caeleb Dressel, mas talvez nem fosse a maior delas: o jovem nadador norte-americano sofria pela doença com que se debatia Claire McCool, uma sua ex-professora do secundário, uma espécie de mentora, com quem tinha uma ligação muito forte. McCool tinha sido diagnosticada com cancro da mama em 2016 e viria a falecer em Novembro de 2017, meses depois dos Mundiais que decorreram em Budapeste. Dressel manteve o ritual de levar um lenço azul que pertenceu à ex-professora.

“Foi-me dado pelo marido dela. Ela usava-o quando esteve a fazer quimioterapia. É o objecto mais importante da minha vida. Sinto-me bem em levá-la comigo, de uma forma física, até aos blocos de partida. Ela está comigo em todas as provas, e continuará a estar até que termine a minha carreira. Podem ir-se habituando a ver esse lenço por aí”, explicou Dressel em 2018.

O feito histórico de Dressel em Gwangju poderia ter ficado hipotecado por um acidente de moto que o nadador sofreu há um ano. A queda aconteceu um mês antes dos campeonatos nacionais dos EUA, tendo implicado uma paragem de duas semanas nos treinos. “Não foi nada de muito aparatoso. Um senhor atravessou-se à minha frente e tive de desviar-me para não lhe bater”, diria Dressel, sem entrar em mais detalhes sobre o acidente. “Acho que acabei por ter muita sorte”, reconheceria ainda o nadador, que admitia não ter planos de voltar a andar de moto no futuro próximo.

É uma decisão acertada se quiser estar à altura das expectativas, mais ainda agora que saiu da sombra de Michael Phelps. Em 2017, Dressel reconhecia que “talvez fosse inevitável” que o comparassem a Phelps. “Sei que isso vai acontecer, mas não creio que seja uma pressão adicional para mim. Só quero fazer aquilo para que tenho treinado, nestes Mundiais e no futuro”, afirmava na altura. Dois anos depois, o jovem fenómeno superou o ídolo. Dentro de um ano partirá em busca da glória olímpica, em Tóquio.

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