Bale na porta de saída do Real Madrid com sorriso nos lábios

Frustrado com escolhas de Zidane, o internacional galês prepara-se para deixar o Santiago Bernabéu pela porta dos fundos. Treinador deixou-o de fora da Audi Cup.

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Seis épocas depois de ter estabelecido um novo recorde mundial no campo das transferências, batendo os números da cláusula do próprio Cristiano Ronaldo, ao incorporar o galáctico Real Madrid, Gareth Bale está irremediavelmente acabado para o clube merengue, independentemente de ter mais três anos de contrato.

Apesar de Zinedine Zidane refutar a tese de que a saída do internacional galês se deve a divergências insanáveis entre jogador e técnico, o sorriso de Bale durante a humilhante goleada sofrida frente ao Atlético de Madrid (7-3), em partida da International Champions Cup, nos Estados Unidos, e as declarações duras do seu representante, a respeito do francês, não deixam margem para dúvidas.

Bale não foi convocado para o Audi Cup, torneio quadrangular de Munique, onde, por ironia do destino, o Real Madrid defronta o Tottenham, clube ao qual pagou, em 2013, qualquer coisa como 101 milhões de euros pelo avançado. Agora, com o fecho dos principais mercados a aproximar-se vertiginosamente, resta muito pouco tempo para que clube e jogador encontrem uma solução que satisfaça as duas partes.

Depois de os chineses do Jiangsu Suning e os respectivos milhões terem saído de cena, os “spurs” poderiam – até 8 de Agosto – resgatar o galês. A Audi Cup oferece, inclusive, uma boa oportunidade para discutir o negócio, até porque o anfitrião, Bayern Munique, estará igualmente a estudar a possibilidade de apresentar uma proposta até 2 de Setembro.

Seja como for, a Gareth Bale está reservado uma saída pela porta menor de um emblema onde a nível interno venceu uma Liga e uma Supertaça de Espanha (com Zidane) e uma Taça do Rei (com Ancelotti), modesto pecúlio atendendo ao estatuto do Real, mas que acaba por ser amplamente compensado no plano internacional. Em Madrid, Bale festejou a conquista de um par de Supertaças Europeias, três Campeonatos do Mundo de Clubes e quatro Champions, três consecutivamente... com Zidane.

No Bernabéu, o goleador galês trabalhou sob o comando técnico de Carlo Ancelotti, Rafa Benítez, Zinedine Zidane, Julen Lopetegui e Santiago Solari, não sendo, contudo, fácil estabelecer ou atribuir a qualquer dos treinadores uma influência mais ou menos positiva no rendimento de Bale ao serviço dos “blancos”.

Até porque as recorrentes lesões – que o terão impedido de ser opção em quase 80 jogos –, obrigam a colocar os números e as estatísticas em perspectiva. No total, Bale disputou 231 encontros pelos madrilenos, tendo marcado por 102 vezes, o que dá uma média inferior a “meio golo” por jogo, argumento usado pelos madridistas para “dispensarem” os serviços do atleta. Por seu lado, Bale entende que as qualidades futebolísticas que o projectaram para o topo do futebol mundial merecem um tratamento diferente em matéria de titularidade, enquanto o empresário do jogador acusa Zidane de ingratidão.

Uma afirmação difícil de decifrar, já que se exceptuarmos o bis que ditou a vitória (3-1) do Real Madrid na final de Kiev, frente ao Liverpool, e que determinou a conquista da 13.ª Liga dos Campeões para os madrilenos, Gareth Bale nunca teve a preponderância de um Cristiano Ronaldo, pelo que não poderia esperar um tratamento diferente na hora de projectar o futuro do clube.

Obviamente que a passagem de Gareth Bale por Madrid não pode ser resumida à frieza dos números, ou de uma vaga memória da final da Taça do Rei, no ano de estreia em Espanha, em que foi determinante para bater o Barcelona... ou mesmo do recente 100.º golo, apontado frente ao Atlético de Madrid (3-1), em Fevereiro. Mas o galáctico que chegou ao Bernabéu para “destronar” Cristiano Ronaldo, não se livrará facilmente da expressão de “vitória” que não conseguiu disfarçar na goleada imposta pelos rivais de Madrid, no MetLife, quer cumpra o contrato ou encontre uma saída.

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