Rui Rio diz que a sua “especialidade” é ganhar eleições e não sondagens

Jardim defende que Rio é um líder “um pouco diferente do habitual”. Não pensa só em ganhar eleições, “o projecto do Rui Rio é um projecto de médio e longo prazo, primeiro está o Estado e depois o partido”.

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Rui Rio e Alberto João Jardim, na Festa de Chão de Lagoa LUSA/HOMEM DE GOUVEIA

O líder do PSD, Rui Rio, disse este domingo que nunca conseguiu ganhar sondagens, sendo a sua “especialidade” ganhar eleições, e garantiu que não procura afastar os críticos da sua liderança das listas de candidatos à Assembleia da República.

“Está provado que eu, em sondagens, sou mau e realmente não tenho conseguido ao longo de toda a minha carreira política ganhar sondagens”, reconheceu, realçando, no entanto, que tem sido mais sua “especialidade” de ganhar eleições, referindo-se às sondagens que apontam que o PSD poderá obter o pior resultado de sempre nas eleições de 6 de Outubro.

“Enfim, cada um é como cada qual. Eu sou muito melhor em ganhar eleições do que sondagens”, afirmou Rui Rio aos jornalistas, à chegada à Herdade do Chão da Lagoa, nas serras do Funchal, onde decorre a festa do PSD-Madeira, considerada a maior do partido a nível nacional.

O presidente social-democrata assegurou que “não é verdade” que esteja a afastar os críticos da sua liderança das listas de candidatos, mas admitiu que o processo é sempre “polémico e complicado”. E defendeu: “Todos os partidos, na altura de escolher pessoas, fazer listas de pessoas, neste caso para Assembleia da República, é sempre polémico e complicado. Toda a vida foi e toda a vida será.”

Rui Rio chegou à Herdade do Chão da Lagoa, onde já se encontram alguns milhares de pessoas, acompanhado pelo líder regional do PSD, que é também presidente do Governo Regional, Miguel Albuquerque.

“Com certeza que quando temos tanta gente à nossa frente, o palco é sempre favorável”, afirmou, indicando que o momento é ideal para mobilizar o eleitorado, considerando os dois actos que se aproximam: eleições regionais em 22 de Setembro e nacionais em 6 de Outubro.

“Não vale a pena arriscar e estar a trazer o Partido Comunista e o Bloco de Esquerda para a esfera do poder [na região autónoma] quando as coisas estão a correr bem”, salientou, afirmando que a situação ao nível nacional é “exactamente o contrário”.

“É necessário procurar uma solução de governo que consiga fazer à escala nacional aquilo que na Madeira há muitos anos se faz, que é desenvolver o país, conseguir baixar a carga fiscal, que o governo subiu, subiu, subiu para um patamar como nunca se viu na história de Portugal, e, em paralelo com mais impostos, tem piores serviços públicos”, alertou.

Miguel Albuquerque também sublinhou a importância de manter a esquerda afastada do governo na Madeira. “Não vale a pena meter a raposa no galinheiro. Os madeirenses não podem eleger partidos comunistas e socialistas anti-autonomistas para preservar a autonomia”, disse o líder regional, afirmando que é “suicidário” pensar em crescimento económico e estabilidade social com uma geringonça no executivo.

Albuquerque considerou, por outro lado, que é sempre uma “grande honra” ter o líder nacional do partido na Festa do Chão da Lagoa, encarado como um momento de “mobilização, unidade e demonstração de força” do PSD.

Jardim elogia

Também o antigo líder do PSD-Madeira e ex-chefe do Governo Regional, Alberto João Jardim, fez declarações elogiosas para Rui Rio, classificando-o de dirigente partidário “diferente” dos outros, porque pensa a “médio e longo prazo”.

“O Rui Rio é um dirigente partidário um pouco diferente do habitual”, começou por afirmar antes da chegada do presidente nacional dos social-democratas à Herdade do Chão da Lagoa para a festa do PSD-Madeira.

“Normalmente em Portugal os dirigentes partidários só pensam em votos e ganhar eleições, o projecto do Rui Rio é um projecto de médio e longo prazo, primeiro está o Estado e depois o partido”, acrescentou, lembrando que só Francisco Sá Carneiro fazia o mesmo.

Sobre as desinteligências no seio do PSD nacional, Alberto João Jardim, que foi presidente do Governo Regional entre 1978 e 2015, salientou que “um líder tem necessidade de ter a sua equipa”.

“Um líder que tem na Assembleia da República deputados que não seguem a sua orientação obviamente tem que pô-los fora”, observou, acrescentando estar “100% de acordo com aquilo que Rui Rio tem feito nesse campo”. Reconheceu, contudo, que a sua postura na política “era mesmo de oposição”, mas “cada um tem seu estilo pessoal”.

Alberto João Jardim disse que as sondagens, que dão que nenhum partido vai ter maioria absoluta na Madeira, “valem o que valem” e que espera que o PSD conquiste mais uma vitória a 22 de Setembro.

“Faço o que me mandarem, sou um militante de base, embora a comunicação social censure a minha presença nos actos do PSD”, declarou quando confrontado se ia participar na campanha eleitoral para as eleições legislativas regionais de 22 de Setembro.

O ex-líder considerou ainda que a presença de Rui Rio na festa do Chão da Lagoa “é uma mais-valia” e só não o era no tempo de Pedro Passos Coelho “obviamente”.

A festa do PSD Chão da Lagoa decorre num dia de sol, com muita animação musical e com milhares de pessoas a participar, algumas das quais seguem o presidente do PSD-M, Miguel Albuquerque, e o líder nacional, Rui Rio, no périplo pelas barracas de cada freguesia da região e dos organismos do partido, estando programado para as 13h30 as intervenções políticas.

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