A desumanidade em marcha

No seu conjunto, aquilo a que estamos a assistir é muito mais do que apenas o afloramento algo caótico de um populismo incompetente e portanto inconsequente. Trata-se de algo muito mais sério do que isso: um processo politicamente ordenado de reversão do progresso humano.

A notícia de que a pena de morte vai ser, na prática, reintroduzida ao nível federal nos EUA não pode surpreender ninguém a esta altura do campeonato. Uma das grandes vitórias de Trump que já ninguém lhe tira, provavelmente por uma geração ou mais, é ter garantido um Supremo Tribunal dos EUA que vai continuar a considerar que a pena de morte é constitucional por não constituir um “castigo cruel ou invulgar”, esse sim proibido pela constituição dos EUA. Para a pena de morte ser considerada invulgar, seria preciso que o Supremo Tribunal americano comparasse a sua jurisprudência com a dos outros tribunais do mundo — coisa que os atuais juízes, ao contrário dos fundadores dos EUA, rejeitam fazer. E para que o castigo fosse considerado cruel seria necessária uma visão da humanidade na qual ninguém “merecesse” a pena de morte. E isso, infelizmente, está longe de ser elementar nos dias que correm.

Os leitores são a força e a vida do jornal

O contributo do PÚBLICO para a vida democrática e cívica do país reside na força da relação que estabelece com os seus leitores.Para continuar a ler este artigo assine o PÚBLICO.Ligue - nos através do 808 200 095 ou envie-nos um email para assinaturas.online@publico.pt.
Sugerir correcção
Ler 12 comentários