Ana Gomes responde a Carlos César: “Sou socialista, e não apparatchik, não abdico de dar uso à minha cabeça”

O presidente do PS demarcou-se das declarações da ex-eurodeputada, em resposta a uma carta do Benfica.

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Ana Gomes Miguel Manso

Ana Gomes diz que o presidente do PS se limitou a “esclarecer o óbvio”, quando assinalou que as declarações da ex-eurodeputada sobre a transferência do futebolista João Félix reflectem uma posição pessoal e não vinculam o partido.

“Agradeço ao presidente Carlos César o afã de esclarecer o óbvio: não represento o PS e o que digo e escrevo só me vincula. Sendo socialista, e não apparatchik, não abdico de dar uso à minha cabeça... Já César, usa o que pode face a Vieira: a César, o que é de César”, escreveu Ana Gomes na conta oficial no Twitter.

Na quinta-feira, Carlos César esclareceu que as opiniões de Ana Gomes “reflectem apenas uma posição própria e pessoal que, tal como em muitos outros casos, não vincula o PS”, em resposta a uma carta que lhe foi enviada pelo presidente do Benfica, Luís Filipe Vieira, datada de 11 de Julho.

O presidente do PS observou que o partido “não tomou qualquer posição institucional sobre o objecto das afirmações” de Ana Gomes, depois de Luís Filipe Vieira ter pedido a Carlos César que dissesse se as declarações públicas da ex-eurodeputada sobre a transferência de João Félix para o Atlético Madrid reflectiam a opinião do partido.

“Vimos solicitar a V. Exa. que o PS, com a brevidade possível, e através da sua Direcção, esclareça de forma a não subsistirem publicamente quaisquer potenciais equívocos, se as declarações proferidas por Ana Gomes reflectem a opinião do partido ou se, ao invés, tais declarações não merecem senão rejeição e repúdio por parte do partido”, indica a carta enviada a Carlos César, a que a Lusa teve acesso.

O Benfica já tinha anunciado que iria processar Ana Gomes devido a um comentário na rede social Twitter, em que questiona se a venda do futebolista João Félix “não será negócio de lavandaria”.

A frase em causa foi escrita em 27 de Junho, em resposta a um tweet de um jornalista da revista Sábado, que se interrogava sobre a transferência de avançado internacional português por 120 milhões de euros para o Atlético de Madrid.

“Um jogador de futebol com apenas 19 anos, que jogou meia época num campeonato de terceira categoria, e que aí se revelou, é vendido por 120 milhões de euros, naquela que é a quarta maior transferência de sempre. Ainda não li uma explicação racional, e fundamentada, para isto”, comentou o jornalista.

Ana Gomes reagiu, deixando uma interrogação: “Não será negócio de lavandaria?”.

O Benfica considerou que aquele comentário conotava a transferência de João Félix “com uma operação de lavagem de dinheiro/branqueamento de capitais”.

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