Geovani Martins: crescer na vergonha, descobrir o orgulho

O Sol na Cabeça, livro poderoso, vibrante, aponta, nos 13 contos que o compõem, para a descoberta de uma identidade formada no choque, na diferença perante a impossibilidade da diferença. Viver na favela, ser “pardo”, falar uma gíria que exclui e, a partir disso, nascer alguém que quer atravessar a cidade e um mundo que aprendeu a conhecer na literatura e na música. Sobretudo no samba. Este é o Brasil de Geovani Martins, o Brasil que não se acomoda, se emociona, é alegre, desinquieta e tem a melhor vista sobre o Rio de Janeiro.

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Isabel Lucas

Há uma frase que amarra tudo. “Acordei tava ligado o maçarico!” O principio de Rolézim, um dos treze contos de O Sol na Cabeça, livro de estreia de Geovani Martins, apresenta um escritor raro: a sua escrita conjuga ritmo, oralidade, síntese; há a gíria e um modo de trabalhar a linguagem capaz de exaltar o conteúdo; trata de fricções sociais, racismo, violência, droga; olha o mundo a partir da favela com a melhor vista do Rio de Janeiro, mas foge ao exotismo a que uma biografia associada a este tipo de escrita pode instigar.

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