Miúdos ou graúdos, os amantes da sétima arte concentram-se em Avanca

A terra de Egas Moniz voltou a transformar-se em capital do cinema, televisão e vídeo. O festival Avanca cumpre já a sua 23.ª edição e não pára de se reinventar.

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Sérgio Azenha

Na Escola Prof. Dr. Egas Moniz, em Avanca, Estarreja, as salas de aulas são, por estes dias, frequentadas por crianças e adultos. E em simultâneo. Sem testes ou exames, mas como uma boa dose de prática e de experiências. A culpa é do Avanca – Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia, que volta a apostar na componente dos workshops e palestras, para além da vertente competitiva. Essa, tem lugar no auditório do Centro Paroquial da vila e, por mais que os anos passem, continua a acusar um dinamismo ímpar – são 84 filmes em competição, produzidos em países dos cinco continentes, dos quais 36 são estreias mundiais. Até domingo, a terra natal de Egas Moniz está no centro das atenções dos amantes da sétima arte. 

“São cerca de 400 pessoas, entre organização e participantes”, destaca António Costa Valente, no Cine-Clube de Avanca, entidade organizadora deste festival que está já a cumprir a sua 23.ª edição. O programa arrancou na quarta-feira à noite, desdobrando-se em exibições de filmes, rodagem de novos filmes, workshops, conferências, exposições e apresentações de livros. Este ano, com algumas novidades: “pela primeira vez no país, é realizada uma competição de cinema VR 360º (Realidade Virtual)”; e há um “workshop que está a ensinar os mais jovens a produzir filmes para todos os públicos” (com tradução audiovisual para pessoas com necessidades especiais).

Em relação à edição deste ano, Costa Valente destaca, ainda, o elevado número de “estreias mundiais”, que “faz deste festival o primeiro em Portugal a ultrapassar a barreira dos 30 filmes” - a exibição de filmes decorre ao longo de todo o dia, a partir das 10h00 e até à noite, com entrada gratuita. Entre os realizadores portugueses que estreiam filmes no Avanca 2019, estão Artur Serra Araujo (Flutuar), Bruno Mendes da Silva (Cadavre Exquise), José Miguel Moreira (Carnaval Sujo), Ricardo Machado (Stuka) e Tiago Afonso (Desvio), entre outros.

Uma forma de “literacia fílmica”

A organização do Avanca - Encontros Internacionais de Cinema, Televisão, Vídeo e Multimédia acredita que a componente da formação (wokshops e palestras) tem a sua quota-parte de responsabilidade no crescimento do festival, que há muito deixou de ser uma mera competição de curtas ou longas metragens. Destaque para a participação, cada vez maior, dos mais jovens, participantes assíduos dos workshops e oficinas. Futuros realizadores ou produtores cinematográficos? “É, acima de tudo, um processo de literacia fílmica. Numa altura em que eles são confrontados com mil e um filmes, nos mais variados suportes, com estas experiências ficam mais próximos de todo o processo cinematográfico”, sustenta a responsável do Cine-Clube de Avanca.

Ainda assim, também há quem tente encontrar por ali ferramentas para o seu futuro profissional. Ana Serra, de 17 anos, estudante do curso de Vídeo da Escola Profissional de Val do Rio (Oeiras) é disso exemplo. “Ainda só fiz um trabalho na área da animação e espero conseguir, neste curso, aumentar as minhas capacidades a esse nível”, confessava, durante um intervalo do workshop de animação. “É uma das áreas do vídeo que me agrada muito, pela parte da criação”, acrescentou a jovem estudante que ambiciona ser “produtora ou realizadora”.

A orientar os trabalhos de animação estava o realizador Cláudio Jordão, presença assídua no Avanca e nas mais variadas vertentes. “Há uns 15 anos que marco presença, como realizador ou como participante nos workshops”, notou, acrescentando que esta é a sua estreia como coordenador de um workshop. “É extraordinário ter uma sala cheia, com seis adultos e 10 crianças e jovens, e com certeza que vai dar para fazer umas experiências interessantes”, antevia, no início dos trabalhos.

Além do workshop de animação, decorrem, ainda, pequenos cursos de ficção, documentário e uma oficina para actores, além da actividade “Cinentertainment 8”, destinada apenas a “cineastas” com idade entre os 6 e os 12 anos e entre os 13 e os 17 anos.

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