Morreu a pianista Helena Matos, Medalha de Mérito Cultural em 2017

Professora e intérprete manteve-se como referência de sucessivas gerações de músicos e musicólogos, como Jorge Moyano e Adriano Jordão, Manuela Toscano e Rui Vieira Nery.

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Maria Helena Matos no tempo da abertura da RTP DR

A pianista portuguesa Helena Matos morreu aos 100 anos, na noite de terça-feira, em sua casa, em Lisboa, anunciou esta quinta-feira uma fonte familiar.

Distinguida com a Medalha de Mérito Cultural do Ministério da Cultura, em 2017, Helena Matos destacou-se em concerto, no país e no estrangeiro, tendo actuado com diferentes gerações de grandes intérpretes, como os violinistas Jack Glattzer, Christa Rupper e Leonor Prado, entre outros músicos.

Na Escola de Música do Conservatório Nacional, em Lisboa, onde leccionou durante toda a carreira, manteve-se como referência de músicos como os pianistas Jorge Moyano e Adriano Jordão, e de musicólogos como Manuela Toscano e Rui Vieira Nery, que se contam entre os seus muitos alunos.

Maria Helena Leite de Matos da Silva entrou no Conservatório Nacional com 11 anos, no início da década de 1930, quando a direcção musical da escola se encontrava ainda em Vianna da Motta, e iniciou pouco depois uma carreira de concerto que somou mais de sete décadas e se estendeu por todo o país e pelo estrangeiro.

Fez parte de júris de música e trabalhou com formações como a Orquestra Gulbenkian e as antigas orquestras do Teatro Nacional de São Carlos e da Radiodifusão Portuguesa. Actuou com intérpretes como os violinistas Vasco Barbosa e Lídia de Carvalho, com a violoncelista Madalena Sá e Costa, assim como com o tenor Fernando Serafim, com quem gravou o seu derradeiro álbum, Entrega, publicado em 2017.

Helena Matos distinguiu-se em particular na interpretação dos repertórios romântico e do século XX, a que deu atenção particular, incluindo obras de compositores como Anton Webern e Sergei Profokiev nos seus recitais, e também na divulgação da música erudita portuguesa, com composições de criadores como Armando José Fernandes, Fernando Lopes-Graça e Filipe Pires, de quem estreou Seis Epígrafes, ciclo de canções sobre poemas de Natália Correia, que levou a várias salas do país com a meio-soprano Dulce Cabrita.

Foi distinguida, em 1948, com um prémio nacional de interpretação, recebeu igualmente o Prémio da Juventude Musical do Porto, em 1954, e o Prémio Luiz Costa, de homenagem ao compositor, em 1962. Em 2017, o Ministério da Cultura atribuiu-lhe a Medalha de Mérito Cultural, por reconhecimento da sua carreira como intérprete e pedagoga.

O Presidente da República lamentou esta quinta-feira a morte da pianista, “depois de uma vida longa e distinta, inteiramente dedicada à música”, publicou na página oficial da Presidência. “À família de Helena Matos apresento as minhas sentidas condolências, exprimindo o meu reconhecimento por uma vida inteira dedicada à música”, afirma Marcelo Rebelo de Sousa em comunicado, salientando a sua “carreira de sete décadas como pianista de concerto”.

A família da pianista informou que o corpo de Helena Matos se encontra na Igreja de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, na Avenida de Berna, em Lisboa, onde estava anunciada, para o início da tarde desta quinta-feira, uma missa de corpo presente seguida do funeral para o cemitério de Benfica.

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