Criada base de dados sobre produtos portugueses e espanhóis

Composição fenólica de quase uma centena de produtos já foi recolhida em projecto luso-espanhol.

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Azeite Adriano Miranda

O projecto Iberphenol dispôs de 2,2 milhões de euros para o desenvolvimento de uma rede de investigação ibérica que está a criar uma base de dados com a composição fenólica de produtos de Portugal e Espanha, como o vinho, azeite e frutas.

Os compostos fenólicos, constituintes naturais das plantas, são particularmente importantes em frutas, hortícolas ou plantas aromáticas e a sua identificação e quantificação revelam informações importantes a respeito da qualidade dos alimentos e dos potenciais benefícios que os mesmos podem exercer na saúde.

“O principal objectivo do projecto é evidenciar a qualidade dos produtos portugueses e espanhóis com base na constituição dos produtos fenólicos”, afirmou à agência Lusa Eduardo Rosa, investigador do Centro de Investigação e Tecnologias Agro-ambientais e Biológicas, da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), em Vila Real.

O Iberphenol é, segundo o responsável, “um projecto pioneiro” e “inovador” porque é uma rede de investigação ibérica em compostos fenólicos que se está a constituir pela primeira vez e se centra num grupo de compostos extremamente importante devido ao seu efeito na saúde. A UTAD integra essa rede de investigação que junta parceiros portugueses e espanhóis.

Liderado pela Universidade de Salamanca, o Iberphenol agrega também as universidades de Vigo e Valladolid (Espanha) e academias portuguesas de Coimbra e do Porto, através das Faculdades de Ciências e de Farmácia e do Instituto Politécnico de Bragança. Do sector privado participa a empresa espanhola produtora de vinhos Bodegas Matarromera.

Eduardo Rosa explicou que na base de dados que está a ser criada já foram inseridas “à volta de 5000 entradas (dados) de quase uma centena de produtos”. Entre os produtos, o investigador destacou a uva e os seus derivados como o vinho e o bagaço, a azeitona e o azeite, a castanha e produtos derivados do castanheiro, como por exemplo a flor, os frutos vermelhos, os citrinos, as cerejas, a baga de sabugueiro e plantas aromáticas e medicinais. O vinho, elencou Eduardo Rosa, é um dos produtos mais emblemáticos, até pela importância económica que tem para Portugal e Espanha.

“Estes compostos imprimem determinadas características de sabor, de cor e de aroma aos produtos, acentuando a sua qualidade.”

O investigador considerou ainda que as “condições climáticas” verificadas nos dois países ibéricos, nomeadamente o clima mais quente e seco, “claramente acentuam a síntese destes compostos e permitem que os produtos tenham essa diferenciação”.

Ao destacar-se a “qualidade dos produtos”, está-se a fornecer “argumentos científicos” para ajudar a potenciar as exportações dos produtos ibéricos, considerou ainda Eduardo Rosa. “É evidente que a qualidade dos produtos não reside só na composição fenólica, reside também em muitos outros constituintes como os açúcares, proteínas, aminoácidos e ácidos orgânicos, mas começamos por aí porque é um grupo muito importante de compostos.”

Entre as características benéficas para a saúde atribuídas aos compostos fenólicos, estão os efeitos antioxidantes, anticancerígenos, cardioprotectores, anti-inflamatórios, anti-envelhecimento e antimicrobianos.

O projecto arrancou em 2017, vai estender-se até Dezembro de 2019 e contou com um investimento que ronda os 2,2 milhões de euros, financiados pelo programa Interreg – POCTEP (Programa de Cooperação Transfronteiriça Espanha-Portugal). Até ao final do ano realizar-se-ão dois congressos, um em Ourense e outro em Coimbra, para apresentação de conclusões do projecto e para abrir portas a novos parceiros.

Eduardo Rosa disse haver a intenção de prolongar o projecto, para que a “base de dados possa ser constantemente actualizada com mais informações e produtos, enriquecendo assim a informação disponibilizada às empresas”.

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