Após 70 horas de combate, fogo de Vila de Rei e Mação foi dominado

A informação foi avançada aos jornalistas pelo comandante do Agrupamento Distrital do Centro Sul.

O “desalento” volta a Mação, onde o fogo fez rotina Teresa Abecasis

O incêndio que deflagrou no sábado em Vila de Rei, distrito de Castelo Branco, e que se propagou ao concelho de Mação, já em Santarém, foi dominado esta terça-feira, anunciou a Autoridade Nacional de Emergência e Protecção Civil (ANEPC).

A informação foi avançada aos jornalistas pelo comandante do Agrupamento Distrital do Centro Sul, Luís Belo Costa, durante um ponto de situação, às 13h, no posto de comando instalado na Escola Secundária da Sertã.

“Nós seguimos o plano delineado [para a manhã desta terça-feira] com todo o rigor e com os meios e os recursos previstos. Eventualmente, não com a velocidade de trabalho que gostaríamos de ter alcançado. A esta hora, o desejável era termos toda a manobra concluída e ainda não está concluída. Ainda assim, temos condições, a esta hora, de dar este incêndio como dominado”, afirmou o responsável.

Segundo Belo Costa, continua a surgir uma ou outra reactivação que “imediatamente são resolvidas”, mantendo-se todo o “empenhamento e todo o esforço de trabalho de consolidação para extinguir totalmente todas as combustões lentas que existem e que geram estas pequenas reactivações”.

Para o comandante do Agrupamento Distrital do Centro Sul, a grande dificuldade no terreno foi a orografia característica deste território, não permitindo a velocidade de trabalho desejada.

PAULO PIMENTA
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Os trabalhos, neste momento, concentram-se a norte de Cardigos, concelho de Mação, onde a frente de incêndio parou, estando a ser empenhadas máquinas de rasto naquela zona para evitar complicações com reactivações naquela zona. As condições meteorológicas da parte da tarde “vão dificultar o trabalho”, com um aumento da temperatura e da intensidade do vento e diminuição da humidade, mas as condições, vincou, “não serão tão agressivas” como foram na segunda-feira.

Riscos de reacendimento mantêm-se

Apesar de o incêndio ter sido declarado às 13h “como tecnicamente dominado” — 70 horas após o fogo ter começado a lavrar em Vila de Rei (o alerta para a ocorrência foi dado cerca das 14h50 de sábado, de acordo com informação disponibilizada no site da Protecção Civil) —, o ministro da Administração Interna, Eduardo Cabrita, alertou, na tarde desta terça-feira em declarações aos jornalistas, em Cardigos, que “os riscos de reacendimento, sobretudo na zona do concelho de Mação mais próxima de Proença-a-Nova, mantêm-se”.

A prioridade, tanto na gestão feita em 2018 como naquele que diz ser o “primeiro incêndio de grande dimensão este ano”, é a salvaguarda da segurança da vida humana e das populações das aldeias das zonas residenciais, assim como “a coordenação de esforços, na mobilização para o combate”, disse Eduardo Cabrita. O ministro da Administração Interna destacou que foram feitas as “evacuações necessárias” e reconheceu ainda o trabalho “muito qualificado e profissional” feito pelos agentes no local, “mais de um milhar de homens e mulheres” que participaram nas operações através de várias autoridades de socorro, sublinhando o “cumprimento rigoroso das orientações estratégicas definidas no modelo de combate aos incêndios rurais”.

A ocorrência, segundo Eduardo Cabrita, “permite verificar quanto as alterações climáticas e as características da nossa floresta exigem uma resposta que está já a ser dada com os mecanismos de reforma da floresta, a adaptação dos planos directores municipais a planos regionais de ordenamento da floresta que colocarão, num quadro de responsabilidade partilhada e descentralizada, na mãos dos municípios uma palavra decisiva sobre o modelo de ordenamento da sua floresta”. Um trabalho de fundo que, afirmou, “já está a ser feito”, destacando a aprovação nesta terça-feira do novo plano de Mação.

Eduardo Cabrita sublinhou ainda as “circunstâncias muito difíceis em que cinco incêndios de dimensão significativa começaram quase à mesma hora, sendo que três deles ganharam grande dimensão” e manifestou “toda a solidariedade com as populações mais directamente atingidas” pelos incêndios nos concelhos da Sertã, Vila de Rei e Mação. Segundo o ministro da Administração Interna,​ os serviços de Estado começaram já a fazer o levantamento dos prejuízos agrícolas e dos “dados em equipas municipais e em habitações”.

Nos últimos dez anos (entre 2009 e 2018), de acordo com dados avançados pelo ministro da Administração Interna, houve uma média de 20.000 incêndios por ano. “Em 2018, conseguimos ter apenas cerca de 12.200 incêndios florestais, quase metade daquilo que se verificara nos dez anos anteriores e uma significativa redução da área ardida”, notou Eduardo Cabrita.

Após sublinhar que “ainda é muito cedo” para fazer balanços sobre estes fogos, Eduardo Cabrita assinalou que decisões como as que foram tomadas recentemente na Assembleia da República de alargar a todo o país o cadastro florestal “são decisivas”. “Uma gestão da floresta integrada com escala é fundamental para a prevenção”, concluiu.

Porém, o ministro da Administração Interna deixa um alerta: “Seria sempre desejável, mas seria demagogia absoluta dizer que não vão haver novos incêndios de grande dimensão”. As culpas coloca-as nas condições climatéricas e nas características da nossa floresta que “tornarão inevitável o aumento do risco de ocorrência”. Neste sentido, Eduardo Cabrita destaca a importância de medidas a longo prazo, ao nível da descarbonização e da reforma da floresta, que “estão já a ser tomadas”.

Quatro horas até chegar ao hospital

De acordo com Paula Neto, do Instituto Nacional de Emergência Médica, os dados actualizados destes fogos apontam para 41 pessoas assistidas, das quais 17 são consideradas feridos, um deles em estado grave.

O ferido grave resultante do incêndio de Vila de Rei — que sofreu queimaduras de primeiro e segundo grau na noite de sábado — andou quatro horas “às voltas” até chegar ao hospital de São José, em Lisboa, para receber assistência médica, com o INEM a admitir que “houve alguns condicionamentos” que fizeram com que “o helitransporte acabasse por não ser tão célere”.

O ferido está a “evoluir favoravelmente”, indicou o INEM em comunicado divulgado pelas 12h desta terça-feira. Contactado pelo PÚBLICO, o hospital de São José confirma que o paciente se encontra em “situação clínica estável, sem intercorrências”, ou seja, sem registo de complicações inesperadas no seu estado de saúde.

O incêndio nos concelhos de Mação e Vila de Rei encontrava-se já, na manhã desta terça-feira, em “situação consideravelmente mais favorável”, havendo ainda 10% do perímetro de incêndio em combustão lenta, avançou o comandante operacional de Agrupamento Distrital do Centro Sul, Luís Belo Costa, durante um ponto de situação feito durante a manhã, na Sertã. No terreno estavam 1024 bombeiros (apoiados por 327 meios terrestres) para evitar que houvesse reacendimentos, com 90% do incêndio já em resolução durante a manhã desta terça-feira.

Vários incêndios deflagraram no distrito de Castelo Branco ao início da tarde de sábado. Dois com origem na Sertã e um em Vila de Rei assumiram maiores dimensões, tendo este último alastrado, ainda no sábado, ao concelho de Mação, distrito de Santarém.

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