Inspectores da PJ avançam para greve às horas extras sem fim previsto

Em causa está a revisão do estatuto profissional e remuneratórios dos inspectores e da orgânica da própria Judiciária.

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fabio augusto

A Associação Sindical dos Funcionários de Investigação Criminal da Polícia Judiciária (ASFIC/PJ) decidiu esta quinta-feira avançar para uma greve às horas extraordinária, um protesto que arrancará a 2 de Agosto e não tem fim previsto. Os inspectores irão parar de trabalhar entre as 17 horas e as 9 horas, o que pode afectar muitas operações policiais que normalmente arrancam ao amanhecer para apanhar os suspeitos ainda em casa. 

Em causa está a revisão do estatuto profissional e remuneratórios dos inspectores e da orgânica da própria Judiciária, diplomas que o presidente do sindicato, Ricardo Valadas, diz que não são revistos há quase 20 anos. “Não se pode combater a criminalidade de 2019 com leis de 2000”, sustenta o dirigente sindical. A ASFIC/PJ esteve nesta quarta no Ministério da Justiça para conhecer a contra-proposta do gabinete da ministra Van Dunem a uma sugestão apresentada pelo sindicato. Esta última surgiu na sequência de uma primeira versão apresentada pelo Ministério da Justiça há cerca de dois meses para rever o estatuto profissional dos investigadores criminais e a orgânica da Judiciária. 

Nem a primeira versão, nem a segunda convenceram os sindicalistas, que agendaram para esta quinta-feira assembleias regionais por todo país, para delinear a estratégia a seguir. Ricardo Valadas diz que a esmagadora maioria dos inspectores decidiu avançar para uma greve sem limites. O presidente da ASFIC lembra que os inspectores da PJ são obrigados a ter uma disponibilidade permanente, um regime de exclusividade e estão sujeitos a riscos inerentes à profissão e sublinha que esses “ónus” não são devidamente compensados. “A tabela salarial não é revista há 20 anos”, garante o dirigente. Valadas garante que um inspector que chega à PJ, obrigatoriamente um licenciado sujeito a dois anos de formação, ganha menos de mil euros líquidos. “As pessoas não querem vir para a PJ e as que aqui estão querem sair”, lamentou.

O dirigente da ASFIC diz não perceber como se concilia o discurso público dos políticos, como o primeiro-ministro ou o presidente da República, que várias vezes falam sobre a importância do combate à corrupção, mas depois não criam condições para que esse combate se faça de forma eficaz. “É preciso adaptar a estrutura da PJ à nova realidade criminal”, realça. 

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