Sousa Lara candidato do Chega pela Guarda para “contribuir para a mudança”

Ex-deputado do PSD e ex-secretário de Estado da Cultura acrescentou que assumiu a candidatura por querer contribuir para a mudança política que é necessário fazer no país.

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Sousa Lara Nuno Ferreira Santos

O antigo subsecretário de Estado da Cultura António Sousa Lara disse nesta quarta-feira à Lusa que vai liderar a lista do partido Chega pela Guarda às legislativas de Outubro para “contribuir para a mudança” no país.

Em declarações à Lusa, Sousa Lara disse que quando abordado pela direcção do Chega para ser candidato às próximas eleições legislativas, impôs logo uma condição: “Ou me põem pela Guarda ou pelo Porto. Lisboa faz parte do problema, não faz parte da solução”.

O ex-deputado do PSD acrescentou que assumiu a candidatura por querer contribuir para a mudança política que é necessário fazer no país, considerando que “neste momento é preciso uma grande transformação”.

O antigo subsecretário de Estado da Cultura do Governo de Cavaco Silva e professor catedrático do Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas (ISCSP), de 67 anos, tem ligações familiares a Vila Nova de Foz Côa, Pinhel e Seia, no distrito da Guarda.

António Sousa Lara, porta-voz do partido Chega para as áreas de Segurança e Geopolítica, foi deputado na Assembleia da República durante dez anos (até 1995) e, depois disso, foi vereador no município de Cascais, deputado municipal em Seia e candidato à Câmara Municipal de Beja pelo PSD.

O candidato apontou, a título de exemplo, que “a terceira República acabou com a agricultura, destruiu o interior” e afirmou que quer “contribuir para a resolução” dos problemas que afectam o território nacional.

“As políticas têm que mudar da noite para o dia”, defende o candidato do Chega, lembrando que, para o seu partido, “a prioridade é desafectar o povo português da carga de impostos iníquos que sufoca, sobretudo, o interior”.

Questionado sobre os resultados que espera obter no círculo eleitoral da Guarda, onde PSD e PS dividem os quatro lugares, o responsável referiu que “a Guarda só tem a ganhar em ter algum desvio”.

“Vale a pena investir em mais do mesmo, ou vale a pena romper? E o meu discurso é de rutura. Acho que a ruptura vale a pena e a ruptura tem que ser de fundo”, declarou.

O professor catedrático afirmou-se preocupado com a desertificação humana dos territórios do interior e alerta: “Portugal, hoje em dia, é Porto e Aveiro, Lisboa e o Algarve. E o resto do país não existe. O país está num processo de desertificação completo, destrutivo”.

Disse que o Chega “não quer multiculturalismo para nada” e que o país precisa de cativar os jovens para se fixarem no território.

O Chega refere, numa mensagem publicada na sua página do Facebook, que “é uma honra” para o partido “poder contar com pessoas como António Sousa Lara nos seus quadros”.

E acrescenta: “Sousa Lara, além de porta-voz do partido para as áreas de Segurança e Geopolítica será ainda cabeça de lista nas legislativas de Outubro pelo círculo eleitoral da Guarda”.

Sousa Lara foi alvo de forte polémica enquanto secretário de Estado, por, em Abril de 1992, ter cortado um livro de José Saramago das candidaturas portuguesas ao Prémio Literário Europeu.

Em causa estava O Evangelho Segundo Jesus Cristo, o sexto romance do autor. “Não representa Portugal. Não me pediram um julgamento sobre a obra inteira de Saramago, mas sobre este livro. Ora, há questões pessoais que me modelam, às quais não me oponho por questões de consciência pessoal”, afirmou na altura Sousa Lara ao PÚBLICO.

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