Espanha

Correm de manhã, são mortos à tarde: associações pedem o fim das lides de touros em San Fermín

Atenção, o vídeo pode conter imagens chocantes para alguns leitores.

Os “48 touros largados nas manhãs” das festas de San Fermín, que terminaram este domingo, 14 de Julho, “morreram na arena no final do dia”. As largadas pelas ruas de Pamplona, em Navarra, “são muito famosas no mundo inteiro, mas muita gente não sabe o que acontece quando acaba o percurso”, acredita Rita Silva, presidente da Animal. A associação pelos direitos dos animais é o membro português da plataforma internacional La Tortura No Es Cultura, que este ano voltou a lançar a campanha de sensibilização “Em Pamplona, o sangue corre contigo”, em conjunto com a Animal Guardians.

“As largadas por si só são cruéis”, defende Rita Silva, mas o primeiro objectivo da campanha não é terminar com o que acontece nas ruas, mas sim com o que se passa já dentro da praça de touros. Para isso, apelam ao envio de denúncias de “um evento cruel” à câmara de Pamplona. “Estamos em 2019 e continuamos com isto. Como é que é possível?”, lamenta Rita Silva, por telefone, ao P3.  

O vídeo, divulgado esta segunda-feira em 11 países, com imagens das lides deste ano, mostra os animais encurralados a vomitarem sangue e a colapsarem, antes de serem arrastados para fora da praça. O comunicado, enviado ao P3, diz que não é raro “os olhos saírem-lhes das órbitas”, após várias estocadas. “Ao longo da História temos eliminado tantas tradições cruéis que hoje seriam inaceitáveis. Também estas ficarão na parte negra da História, da qual sentiremos vergonha.” 

Segundo o El País, durante as primeiras sete largadas “de uma das maiores festas populares do mundo”, 30 pessoas deram entrada no Complexo Hospitalar de Navarra: 25 com traumatismos e cinco com ferimentos causados por cornadas. Desde 1910, já 16 pessoas morreram durantes as largadas.

“Temos visto que a violência chama a violência”, observa Marta Esteban, da Animal Guardians, a outra associação responsável pela campanha. “Isto é uma consequência do ambiente ‘vale tudo’, em que o machismo, o sangue, o álcool e a morte são a tónica geral. Não há nisto nada que nos deixe orgulhosos enquanto espanhóis.”

Em Portugal, a campanha Enterrar as Touradas, da Animal, exige o fim do financiamento público à tauromaquia.