Primeiro-ministro da Tailândia declara fim do regime militar

O líder do golpe militar de 2014 continuará a chefiar o Governo e a Constituição dá um papel proeminente ao exército.

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“A Tailândia é agora um país plenamente democrático", assegurou o primeiro-ministro Prayuth Chan-ocha Athit Perawongmetha/REUTERS

Prayuth Chan-ocha demitiu-se da liderança do Governo militar tailandês esta segunda-feira, e anunciou que o país passa a ser uma democracia normal, após seis anos de regime militar. Mas o ex-general continua, porém, a ser primeiro-ministro, com o apoio dos partidos pró-militares, e uma câmara alta do Parlamento nomeada pelo Exército, com uma Constituição que os analistas dizem sufocar a democracia e consagrar um papel político para os militares.

O novo Governo civil que chefia toma posse terça-feira. O rei Maha Vajiralongkorn deu o seu aval ao novo executivo, formado a partir de uma coligação de 19 partidos que têm uma reduzida maioria parlamentar, após as eleições de Março.

Num discurso à nação transmitido pela televisão, Prayuth Chan-ocha fez um balanço do regime militar, reclamando sucesso em muitas áreas, desde a resolução dos problemas da pesca ilegal ao tráfico de seres humanos, passando pelo salvamento de 12 adolescentes e do seu treinador de futebol numa gruta inundada, no Verão passado.

“A Tailândia é agora um país plenamente democrático, com uma monarquia constitucional e um Parlamento eleito”, afirmou. “Todos os problemas serão tratados normalmente, com base no sistema democrático, sem que sejam usados poderes especiais”, afirmou o primeiro-ministro, referindo-se aos poderes excepcionais que o Governo militar tinha.

O ex-chefe de Estado-maior do Exército, que chegou ao poder num golpe de Estado em 2014, defendeu que a sua intervenção foi necessária para restaurar a ordem após seis meses de protestos na rua e violentos confrontos. Mas a situação estava a regressar ao normal, após as eleições de 24 de Março desse ano.

Nos últimos 15 anos, houve dois golpes militares na Tailândia, e vários momentos de crise política e violência.

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