Polícia italiana apreendeu míssil a grupo de extrema-direita em Turim

Investigação sobre combatentes italianos que se juntaram aos separatistas ucranianos, apoiados pelos russos, resultou na apreensão de um grande número de armas de guerra, num momento em que a justiça investiga ligações do partido de Matteo Salvini a Moscovo.

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O míssil encontrado pelas autoridades italianas TINO ROMANO/EPA

A polícia italiana encontrou um grande arsenal de armas durante uma operação contra propriedades de grupos de simpatizantes neonazis na região de Turim, no Noroeste do país, que incluía um míssil ar-ar em perfeitas condições de funcionamento, e que é normalmente usado pelas Forças Armadas do Qatar.

Esta operação antiterrorismo, coordenada pela Procuradoria de Turim, nasceu da investigação de “actividades de alguns combatentes italianos com ideologia extremista evidenciada no passado por terem participado no conflito armado na região ucraniana do Donbass”, o Leste separatista, apoiado pela Rússia, diz um comunicado da polícia, citado pelo jornal italiano Corriere della Sera.

O míssil ar-ar Matra de 1980, de fabrico francês, que tudo indica seria das Forças Armadas do Qatar, estava em condições de funcionar mas não tinha carga explosiva. A polícia italiana disse que os suspeitos tinham tentado vender o míssil fazendo contactos através da rede social WhatsApp, relata a Reuters.

Foram também encontradas 26 armas automáticas, 20 baionetas, 306 partes de armas, incluindo silenciadores e 800 balas de vários calibres. Estas armas eram provenientes da Áustria, Alemanha e Estados Unidos.

Foram detidas três pessoas e na semana passada foi já detido um ex-inspector da alfândega, militante do partido de extrema-direita italiana Forza Nuova, que promoveu campanhas contra o casamento de pessoas do mesmo sexo e a imigração, e foi também candidato ao Senado em 2001. Segundo o Corriere, escondia armas debaixo da cama, na casa onde vivia com a sua mãe, e está ligado a outro detido, suíço, proprietário do local onde foi encontrado o míssil. O terceiro detido é sócio do segundo.

No conflito na Ucrânia já morreram mais de dez mil pessoas. Milícias separatistas com apoio russo ocuparam a zona leste do país em 2014, pouco depois da anexação da Crimeia por Moscovo, após a queda do regime favorável a Moscovo do Presidente Viktor Ianukovich.

Neste momento, Itália fervilha de intriga por causa de ligações à Rússia de Gianluca Savoini, um membro do partido de extrema-direita Liga, do ministro do Interior Matteo Salvini à Rússia, para obter financiamento ilegal. Uma das acusações que correm nos media é que ajudaria a recrutar mercenários italianos para o Leste separatista ucraniano. 

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