Terça-feira é dia de descanso na Volta à França, e é também um dia descansado para Julian Alaphilippe: o camisola amarela do Tour pode gozar confortavelmente a folga, sabendo que tem a liderança da classificação geral mais segura. Numa etapa que colocou um ponto final nas aspirações de alguns candidatos ao triunfo, o ciclista francês da Deceuninck - Quick Step beneficiou do vento e das alianças de circunstância para afastar alguns dos rivais na luta pelo lugar mais alto do pódio.

Na segunda tirada mais longa desta edição do Tour os quilómetros iam passando sem novidade, até que a cerca de 30km da meta o vento lateral começou a produzir cortes no pelotão. A Ineos acelerou o ritmo e provocou estragos, deixando para trás alguns dos candidatos aos lugares cimeiros da classificação geral. Thibaut Pinot, que partira em terceiro lugar a 53 segundos de Alaphilippe, foi um dos que não conseguiu acompanhar o grupo: “Não há nada a dizer. Foi um dia de merda”, lamentou o ciclista francês.

Quem mais lucrou com o desfecho da etapa foi Alaphilippe, que passou de ter o mais directo concorrente a 23 segundos para vê-lo a 1m12s. A Ineos retirou dividendos da estratégia e colocou Geraint Thomas – que defende o título conquistado no Tour em 2018 – e Egan Bernal no segundo e terceiro lugares. “Foi uma etapa perfeita para nós. Queríamos aproveitar qualquer situação em que pudesse produzir-se um corte”, admitiu o colombiano. Questionado sobre as suas aspirações à vitória, Bernal não se comprometeu: “O importante não é que o Geraint ou eu ganhemos o Tour, mas que a equipa o vença. Isso está muito claro nas nossas cabeças.”

Mas não foi apenas para a equipa britânica, herdeira da Sky, que o dia se tornou memorável. No sprint na chegada a Albi, a vitória coube ao belga Wout van Aert, que corre a primeira grande volta da carreira. O jovem de 24 anos estreou-se a ganhar uma etapa (conquistou com os companheiros da Jumbo-Visma o contrarrelógio por equipas na segunda etapa desta edição), tendo-se superiorizado no sprint a especialistas como Elia Viviani, Caleb Ewan, Michael Matthews e Peter Sagan.

“Não posso acreditar que ganhei uma etapa da Volta à França. Isto está acima de qualquer coisa. Ganhar na minha primeira tentativa é incrível. O final da etapa tornou-se bastante nervoso, mas conseguimos manter-nos na frente. Arranquei a 250 metros da meta e tinha o Viviani muito perto, mas um centímetro é quanto basta para vencer”, congratulou-se Wout van Aert, que tem coleccionado bons resultados esta época e recentemente se sagrou campeão belga de contrarrelógio.