Simona Halep transformou sonho da mãe em realidade

A tenista norte-americana falhou o objectivo de conquistar o oitavo título no torneio britânico.

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Simona Halep LUSA/Laurence Griffiths / POOL

Há um mês, Simona Halep sentiu a pressão de defender o título em Roland Garros e não passou dos quartos-de-final. Ultrapassada essa situação de maior pressão, a romena pôde relaxar a nível pessoal, não como profissional, pois começou a trabalhar no sentido de sentir-se bem sobre a relva, um piso que nunca foi do seu agrado. Depois de muito trabalho, Halep começou a acreditar que podia triunfar em Wimbledon e nem a campeoníssima Serena Williams conseguiu impedir o sonho da sua mãe em tornar-se realidade. Uma exibição irrepreensível da tenista de 27 anos resultou numa vitória convincente em menos de uma hora e o seu segundo título do Grand Slam.

E era um sonho bem distante, pois não há courts de relva na Roménia. Mas a sua mãe disse-lhe um dia que se quisesse ser uma campeã tinha que chegar à final de Wimbledon. Mesmo este ano, só a partir dos quartos-de-final é que a romena deixou de queixar-se da relva e dos ressaltos e acreditou que podia ir até ao fim. Família, equipa técnica, ex-treinadores e até, na véspera, Roger Federer, reforçaram a crença em Halep. Até jogar diante da família real e o bónus de tornar-se membro permanente do All England Club foram incentivos extra.

A experiência e maturidade permitiram-lhe controlar as emoções, bloquear o que se passava à sua volta e focou-se apenas no seu jogo. “Irei sempre sentir-me um bocadinho intimidada quando defrontar Serena; ela é uma inspiração e modelo para todos. Mas hoje, antes da final, decidi focar em mim mesma e não nela”, explicou Halep, que, no final de 2014 tinha inflingido uma derrota pesada a Serena (6-0, 6-2).

Em 12 minutos, Halep chegou a 4-0, elevou para 5-1, depois de enfrentar pela primeira vez um break-point e fechou o set em menos de meia-hora. A concentração e o equilíbrio entre ser agressiva e capacidade defensiva mantiveram-se na partida seguinte, para frustração de Serena que cometia erros quando tentava algo diferente. E, ao fim de 56 minutos, Halep fechava com um duplo 6-2. A melhor exibição de sempre da romena, traduzida em 13 winners e somente três erros não forçados – um recorde em finais femininas desde que há registo.

“Sabia o que fazer para dificultar o seu jogo, sabia do que ela não gosta. Tinha a imagem de Singapura na minha cabeça, quis jogar como nessa altura. Os nervos eram positivos, tentei controlar as emoções; não luto contra as emoções, mas sim colocá-las em boa posição. Ver a família real foi um incentivo extra, foi inesquecível”, resumiu Halep, que ganhou todos os pontos que ultrapassaram as cinco pancadas.

Muitos esperavam um momento histórico para Serena que procurava o oitavo título em Wimbledon e o primeiro depois de ser mãe, mas, acima de tudo, igualar o recorde de 24 títulos no Grand Slam – um feito que procura desde que conquistou o 23.º título, no Open da Austrália de 2017, antes de ser mãe.

“Ela jogou muito bem, o que não é surpresa quando alguém me defronta. E eu também cometi muitos erros; tentei fazer alguma coisa de diferente, mas falhei muito”, admitiu a norte-americana de 37 anos, autora de 24 erros não forçados. Serena nunca tinha ganho tão poucos jogos nas 31 finais de majors já disputadas e, pela primeira vez, perdeu três finais do Grand Slam consecutivas, todas em dois sets. “Nenhuma derrota é fácil para mim, mas quando alguém joga assim, não há muito a fazer; tenho que elevar o nível do meu jogo”, concluiu.

Com esta vitória, Halep sobre três lugares no ranking mundial, para surgir na segunda-feira no quarto posto, sendo a jogadora no activo que está há mais semanas consecutivas no top-10. Depois de perder a terceira final do Grand Slam consecutiva, Serena avança uma posição, para o nono lugar.

Neste domingo, decide-se o título masculino, entre Novak Djokovic e Roger Federer. Djokovic tem as estatísticas seu favor: 25-22 nos duelos entre ambos, venceu os quatro derradeiros embates e ganhou os últimos dois de três confrontos em Wimbledon, nas finais de 2014 e 2015. Federer tem ainda contra si o facto de nunca ter ganho a Djokovic e Rafael Nadal no mesmo torneio.

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