Ministério Público acusa 89 elementos dos Hells Angels

Na base da acusação, está um episódio de violência em Loures, em Março de 2018.

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Os elementos causaram avultados estragos no restaurante e utilizaram barras de ferro para agredir os membros do grupo rival Kai Pfaffenbach

O Ministério Público (MP) acusou 89 elementos do grupo de motociclistas Hells Angels dos crimes de homicídio na forma tentada e associação criminosa, entre outros.

Os arguidos são suspeitos do envolvimento numa rixa, no dia 24 de Março do ano passado, quando se dirigiram “a um estabelecimento de restauração em Loures, munidos de facas, machados, bastões e outros objectos perfurantes”, lê-se na nota do MP, divulgada esta quinta-feira.

No interior do restaurante, segundo a tese do MP, os motociclistas tentaram matar quatro elementos de um grupo rival e feriram gravemente outros seis. De acordo com o Ministério Público, os elementos dos Hells Angels causaram ainda danos no interior do espaço no valor de pelo menos 14 mil euros.

A 11 de Junho, depois do primeiro episódio de violência, os arguidos terão agredido novamente um dos elementos dos Red&Gold (criado por Mário Machado, líder de um movimento de extrema-direita)​, com pontapés na cara e no corpo, roubando-lhes em seguida os bens pessoais.

Na sequência de buscas domiciliárias e não domiciliárias, foram apreendidas armas, dinheiro e estupefacientes. Dos 89 acusados, 37 encontram-se em prisão preventiva, cinco estão em prisão domiciliária com pulseira electrónica e dois estão detidos na Alemanha enquanto aguardam extradição para Portugal.

Os arguidos são acusados da prática de crimes de associação criminosa, homicídio qualificado na forma tentada, ofensa à integridade física qualificada, extorsão qualificada, dano qualificado com violência, roubo, tráfico de droga, posse de armas e consumo de drogas.

Os Hells Angels existem em Portugal desde 2002 e são vigiados pelas forças de segurança

Quem são os Hells Angels?

Nasceram na Califórnia há 70 anos e desde cedo foram reconhecidos pelas suas actividades à margem da lei. Estão presentes em todo o mundo, tendo sido proibidos em vários locais da Alemanha. A Europol considera-os perigosos e o departamento de Segurança norte-americano classifica-os como uma organização criminosa.

Em Portugal, o grupo é liderado por um homem de 69 anos, mestre em artes marciais, e com o cadastro limpo. A Polícia Judiciária refere-se ao ramo português como “uma estrutura criminosa, constituída por indivíduos extremamente perigosos, com vastos antecedentes criminais e larga experiência na área da criminalidade violenta e organizada”.

Estão envolvidos em negócios ligados ao tráfico de droga e armas e a serviços de segurança privada. Em Portugal, não haverá mais de uma centena de membros no grupo.

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