Com a Sparkl, Mariana Bettencourt e Filipa Mascarenhas levam o salão de beleza a casa

A startup oferece serviços de beleza ao domicilio – de manicure e pedicure a massagem, maquilhagem e cabelos.

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Amigas desde os 15 anos, Mariana Bettencourt e Filipa Mascarenhas criaram a empresa em 2017 Daniel Rocha

Encomendar um serviço de manicure da mesma forma que encomenda o jantar? A startup portuguesa Sparkl quer responder às necessidades de quem não tem tempo para se deslocar ao salão, oferecendo serviços de beleza ao domicilio: em casa, em hotéis, em eventos, casamentos, local de trabalho, entre outros. Uma ideia das amigas Mariana Bettencourt, de 38 anos, e Filipa Mascarenhas, de 37.

O projecto é de 2011: “Chamava-se Nail's at Work e passava apenas por serviços de beleza nos escritórios: manicure, depilações mais básicas, como design de sobrancelhas ou buço”, recordam as empreendedoras ao PÚBLICO. Segundo as mesmas, então, não era o momento certo para dar início ao projecto por causa da crise que se vivia em Portugal e porque a tendência on demand (a pedido) ainda não havia chegado à Europa: “A mentalidade estava ainda muito fechada e acabou por fazer sentido não avançar”, explicam. 

Seguiram outros caminhos. Mariana Bettencourt trabalhou durante cinco anos como directora de marketing da L'Oréal, onde estabeleceu contacto com o sector da beleza e alargou conhecimentos na área, “desde hábitos de consumidor, tendências”, conta. Já Filipa Mascarenhas esteve ao serviço do grupo Tempus durante oito anos. Mas, acabaram por recuperar o projecto.

A Sparkl iniciou operações em 2017 e, actualmente, oferece serviços de beleza diversos: desde manicure e pedicure a massagem, maquilhagem e cabelos. O que as pessoas mais procuram, dizem as empreendedoras, são os serviços de estética, em particular manicure, e também maquilhagem e cabelos, sobretudo na época alta dos casamentos.

Segundo Filipa Mascarenhas, os serviços Sparkl podem ser muito úteis para as mães de filhos pequenos: “Tenho dois filhos e trabalhava numa marca de luxo, portanto, tinha de estar sempre impecável. Vendia relógios, as minhas mãos estavam sempre enfoque, tal como nos eventos a que ia e tinha de estar sempre maquilhada e com o cabelo arranjado. A ginástica é incrível para a pessoa sair do trabalho e ainda ter de ir cuidar de si.” ​

Os serviços estão disponíveis “quando e onde quiseres”, pode ler-se no site da marca. “Funcionam às horas em que as profissionais estão disponíveis. Se ela estiver disponível 24 horas, por exemplo, há casos em que as clientes pedem serviços às 6h da manhã”, avançam. A plataforma trabalha com cerca de 73 freelancers. “A nossa sede é em Aveiro. Andamos muito pelo Porto, Aveiro, Lisboa porque neste momento os dois maiores mercados são Lisboa e Porto. Mas trabalhamos em todo o país: Braga, Porto, Algarve, Lisboa, estamos a abrir Coimbra e para serviços de maquilhagem e noiva vamos a todo o país”, acrescentam. 

Relativamente aos preços dos serviços, as empreendedoras afirmam que a Sparkl pratica valores “acima do mercado, mas está ao nível de alguns salões de rua”. De acordo com as mesmas, os serviços são “um a dois euros mais caros que os preços praticados nos salões de rua que, na realidade, é aquilo que alguém gastaria ao deslocar-se lá, fora o tempo”, justificam. Os principais clientes começaram por ser as mães mas, “hoje em dia são também mulheres executivas, homens que também gostam de cuidar de si, mas que não gostam de dar o braço a torcer e ir fazer uma depilação a um salão, celebridades, etc.”, revelam. 

Desafios: investimento e espírito de sacrifício 

Um dos desafios do projecto apontado pelas duas sócias ocorreu durante o processo de procura de investimento. “Fomos a Aveiro fazer um pitch [uma breve apresentação do projecto] em que estavam cerca de 23 pessoas sentadas à mesa e uma era mulher. E foi a única, provavelmente, que nos compreendeu”, recordam. Tiveram de adaptar o discurso aos “resultados financeiros, lucro, crescimento, porque sobre o negócio em si, muitos tinham dúvidas: ‘Isso é mesmo uma necessidade?’, ‘mas as mulheres sentem assim tanta falta de fazer depilação em casa ou fazer as mãos?’ Foi uma barreira porque não é uma necessidade deles. Hoje em dia começa a ser mais, eles cuidam-se mais, mas ainda somos um país conservador nesse aspecto”, constatam. 

Para Mariana e Filipa criar um negócio implicou “resiliência e o espírito de sacrifício”, alguns dos aspectos mais valorizados pelos seus investidores. “Íamos a casa das clientes, guiávamos as manicures (começamos só com unhas), éramos nós que esterilizávamos os materiais, ficávamos à espera delas, às vezes subíamos e falávamos com a cliente e éramos nós que respondíamos no call center”, lembram. “Fazíamos 300 euros de lucro e investíamos em publicidade, 600 euros de lucro e investíamos em publicidade. Não sobrava nada.” 

O próximo passo, dizem, é o lançamento de uma aplicação semelhante à Uber que vai permitir solicitar um serviço mais facilmente e com recurso à geolocalização. “Quando estiver tudo robusto vamos expandir para fora de Portugal. Estamos a estudar vários mercados: Alemanha, Polónia, França e Espanha. Será para 2020”, prometem. 

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