Embaixador britânico descreveu Trump como “incompetente” e “inseguro”

Governo britânico afirmou ser esperado que os embaixadores “forneçam aos ministros uma avaliação honesta e crua das polícias dos países onde se encontram”. Caso motivou debate sobre possível substituição do diplomata.

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Donald Trump é ainda descrito como “inseguro” e “incompetente” por Kim Darroch Reuters/JONATHAN ERNST

Kim Darroch, embaixador britânico nos Estados Unidos, descreveu o presidente norte-americano Donald Trump e a sua administração como “ineptos” e “excepcionalmente disfuncionais”, num documento diplomático que foi revelado neste domingo pelo jornal britânico tablóide Mail on Sunday.

O embaixador escreveu também, em despachos enviados para o Reino Unido, que a presidência de Trump poderia “colapsar” e acabar “em desgraça”. No mesmo documento, Donald Trump é ainda descrito como “inseguro” e “incompetente”.

“Nós não acreditamos que esta administração se torne substancialmente mais normal, menos disfuncional, menos imprevisível, menos facciosa, menos desastrada e inepta diplomaticamente”, disse Darroch, de 65 anos.

O diplomata garantiu que as “lutas internas e o caos” dentro da Casa Branca – que Donald Trump continua a insistir em classificar como "notícias falsas” – são “na maioria dos casos verdadeiras”.

Os documentos confidenciais que foram publicados pelo Mail On Sunday remontam a 2017. Contudo, num dos documentos mais recentes, de Junho deste ano, Darroch critica a política externa “incoerente” e “caótica” de Trump relativamente ao Irão. O diplomata questiona até a veracidade das declarações do presidente norte-americano, que disse ter cancelado a operação por implicar a morte de 150 pessoas no Irão. “É mais provável que nunca tenha estado totalmente convencido e que estivesse preocupado com a forma como a inversão das suas promessas de campanha de 2016 seriam vistas em 2020”, escreveu.

Ao jornal The Guardian, uma porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros disse que os “britânicos podem esperar que os embaixadores forneçam aos ministros uma avaliação honesta e crua das políticas dos países onde se encontram, mas que “as suas opiniões não são necessariamente as opiniões dos ministros ou governo”. A porta-voz acrescentou: “Nós pagamos para que sejam sinceros.”

O candidato favorito à liderança conservadora britânica, Boris Johnson, já disse, várias vezes, ter orgulho da proximidade que tem com a família Trump. Se Johnson for o sucessor da primeira-ministra Theresa May, poderá apressar a substituição de Kim Darroch, que é dos diplomatas britânicos mais experientes, trabalhando em Washington desde Janeiro de 2016.

Segundo o Guardian, este episódio originou um debate sobre o substituto de Darroch. Há relatos de que Mark Sedwill, um diplomata a trabalhar como chefe de gabinete no Governo de Theresa May, se está a preparar para o cargo. Mas os holofotes estão em Nigel Farage – que fez campanha para o cargo de embaixador em 2016, antes da nomeação de Darroch – e que já pediu a renúncia imediata do actual embaixador.

Segundo o jornal britânico, a jornalista responsável pela publicação dos documentos, Isabel Oakeshott, é próxima de Nigel Farage e já foi acusada, anteriormente, de não publicar informação importante e pertinente por esta poder prejudicar os seus contactos com políticos do Brexit – informação que a jornalista desmente.

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