“Sonae nunca pressionou nem tentou obter tratamentos especiais”

A Sonae responde às acusações de pressão no caso da OPA lançada sobre a PT, proferidas pelo ex-primeiro-ministro José Sócrates no âmbito da comissão de inquérito parlamentar à CGD.

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José Sócrates afirmou que sofreu pressões de Paulo Azevedo, então CEO da Sonae Nelson Garrido

A Sonae “nunca pressionou, nem tentou obter tratamentos especiais”, disse esta sexta-feira à Lusa fonte oficial do grupo, depois de o ex-primeiro-ministro José Sócrates ter acusado o presidente do grupo de pressão no caso da OPA lançada sobre a PT.

“Estas não são acusações novas e, como é óbvio, a Sonae nunca pressionou nem tentou obter tratamentos especiais, exige sim ser tratada com lisura e equidade”, afirmou fonte oficial do grupo liderado por Cláudia Azevedo (irmã de Paulo Azevedo) desde final de Abril.

O ex-primeiro-ministro socialista José Sócrates disse, em resposta escrita à comissão de inquérito à CGD, que o seu governo manteve neutralidade na OPA da Sonae à PT e a única pressão veio do então presidente da Sonae, Paulo Azevedo.

“Os argumentos que a empresa esgrimiu em defesa do seu plano aconteceram no âmbito do processo organizado pelo próprio governo, que pretendia comparar os benefícios dos dois projectos, tendo sido expressamente convocada para este efeito”, prosseguiu fonte oficial da Sonae (proprietária do PÚBLICO), que considerou que “os argumentos que [a empresa] utilizou neste processo foram exactamente os mesmos que utilizou publicamente”.

Na resposta à comissão de inquérito à recapitalização e gestão da CGD, a que a Lusa teve acesso, José Sócrates afirmou: “Posso e devo dizer que o único concorrente que efectuou abertamente essa pressão foi a Sonae. Dias antes da assembleia-geral o presidente do Conselho de Administração da Sonae, Dr. Paulo Azevedo, telefonou-me pedindo expressamente a intervenção do governo para que a Caixa Geral de Depósitos [CGD] votasse a favor da Sonae. Reafirmei, nesse telefonema, a nossa posição de neutralidade”.

Sócrates diz que nunca falou com o ex-presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, sobre a Oferta Pública de Aquisição (OPA) da Sonae, nem recebeu dele “nenhum pedido ou pressão sobre este assunto nem directa, nem indirectamente”, assim como não recebeu “qualquer quantia monetária ou outro qualquer bem” do grupo BES, da empresa Lena ou de qualquer outra empresa.

O ex-governante diz que a posição do seu governo sempre foi de que “deveria ser o mercado a decidir”, e isso mesmo ficou explícito na assembleia-geral em que o Estado se absteve.

Sobre o voto da CGD, que também era accionista da PT, diz Sócrates que “o governo não deu qualquer orientação à Caixa Geral de Depósitos nem a nenhum dos seus administradores” e que o banco público votou apenas tendo em conta o seu interesse.

Sócrates afirma mesmo que a relação do seu governo com a PT “foi sempre conflituante”, porque o executivo queria aumentar a concorrência no sector das telecomunicações, enquanto a PT queria manter o seu poder no sector.

A OPA da Sonae sobre a PT foi lançada em 2006 e terminou em 2007, sem sucesso.

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