Há um oceano de experimentação à nossa espera no Walk&Talk

Começa esta sexta o festival de artes Walk&Talk com um espectáculo da dupla de músicos Joana Gama e Luís Fernandes com alunos do Conservatório de Ponta Delgada. Até 20 de Julho existem muitas propostas para a`descoberta de formas artísticas contemporâneas na ilha de São Miguel, nos Açores.

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A dupla luso-brasileira Jonas&Lander

É esta sexta-feira que começa a nona edição do Walk&Talk, o festival de artes que decorre de 5 a 20 de Julho na ilha de São Miguel, nos Açores. No total serão cerca de 80 artistas, curadores, arquitectos, designers, performers ou músicos a participar, tendo sido muitos deles convidados a apresentar projectos inéditos criados em residência no arquipélago.

O festival intervém em mais de vinte locais em redor da ilha e o seu espaço nuclear, na Praça de São João, em Ponta Delgada, é um pavilhão temporário, projectado pelos estúdios de arquitectura Artworks & GA, inspirado na forma e função no tradicional capote açoriano.

Experimental e participativo, o evento incentiva a criação de novos objectos em diálogo com o território e as especificidades socioculturais do arquipélago, focando-se no envolvimento das comunidades locais e dos visitantes através do conhecimento que é gerado pelas diversas práticas artísticas. O programa, este ano, organiza-se em torno de cinco circuitos artísticos, para além das habituais conversas, palestras, oficinas de Verão, visitas guiadas ou residências que cruzam o design com o artesanato.

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O coletivo de design multidisciplinar The Decorators fundado por Suzanne O'Connell, Xavi Llarch Font, Carolina Caicedo e Mariana Pestana

Haverá o circuito Ilha, assente em projectos inéditos e site-specific, com artistas como a inglesa Clementine Keith-Roach e o compatriota Prem Sahib, os portugueses Inês Neto e Pedro Lino, a dupla britânica Practice Architecture e Rain Wu de Taiwan. Todos eles foram orientados pelo colectivo de design multidisciplinar The Decorators, tendo sido estimulados a desenvolver trabalhos em vários locais da ilha, do centro de Ponta Delgada aos Fenais da Luz, na costa norte. Já o circuito de exposições propõe uma Deambulação Identitária, com curadoria de Sérgio Fazenda Rodrigues, por sete exposições individuais (Andreia Santana, Diana Vidrascu, Gonçalo Preto, Maria Trabulo, Miguel C. Tavares & José Alberto Gomes, Mónica de Miranda e Rita GT) articuladas por vários locais da cidade de Ponta Delgada e desenvolvidas em residências nas diferentes ilhas.

Um outro circuito é o performativo, com música, dança, performance e projectos híbridos que motivarão noites de festividade no pavilhão W&K e espectáculos em teatros ou no centro de artes contemporâneas Arquipélago. Esta sexta-feira, na abertura do festival no teatro Micaelense haverá música com At The Still Point of the Turning World, espectáculo de Joana Gama e Luís Fernandes, cruzando piano e electrónica, com alunos do Conservatório Regional de Ponta Delgada, e no domingo, no Arquipélago, o filme-concerto East Atlantic de Miguel C. Tavares e José Alberto, que reflectirá criativamente a viagem feita pelos protagonistas entre o Porto e São Miguel, com paragem em várias ilhas, a bordo de um cargueiro. Actuações ao vivo do músico francês Mondkoft, do inglês Vessel (com imagens de Pedro Maia), ou do português Pedro Mafama, bem como a performance iconoclasta Burning Pricks de António Branco & Ricardo T,  ou o projecto Lento e largo, da dupla luso-brasileira Jonas&Lander, são outros dos espectáculos previstos.

Outra aposta é o circuito de residências que se desenvolve ao longo de dois anos, entre investigação e apresentação, alimentando parte dos projectos que são apresentados, sempre com a meta de pensar a relação com a geografia circundante. Este ano há 14 nomes com residências em curso, entre eles o artista e músico americano Danny Bracken, que explora as mudanças tecnológicas e o seu impacto nas percepções e experiências das pessoas e lugares que nos cercam, a artista visual portuguesa Luísa Salvador, que se focará na criação do tempo geológico a partir da matéria vulcânica ou a artista brasileira Polliana Dalla Barba, que opera a partir da vivência e experiência obtidas pela investigação dos vulcões nos Açores.

Por último haverá o circuito de conhecimento com actividades temáticas envolvendo múltiplas comunidades e grupos em torno da produção artística, das mais diversas idades ou origens, simbolizando um dos vectores centrais do festival: a produção, promoção e partilha do saber.

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