Hepatite C: vamos lá!

Estamos a um mês do dia internacional das hepatites. Vamos propor e propormo-nos a fazer o teste!

A humanidade não sobrevive sem os micróbios. Desde o momento em que nascemos que ficamos dependentes de inúmeros microrganismos para sobrevivermos. Mas se eles nos são fundamentais, também nos podem ser muito prejudiciais e a história da humanidade está repleta de exemplos de epidemias que teimam, ainda hoje, em não nos deixar esquecer a fragilidade do ser humano perante seres microscópicos.

Uma das mais importantes epidemias com que nos confrontámos nos últimos anos foi a infeção pelo vírus da imunodeficiência humana, também conhecida por VIH ou vírus da sida. Surpreendidos no início pela amplitude e quase inteligência desta nova ameaça conseguimos, no entanto, reagir com relativa rapidez e eficácia e nos últimos anos consolidámos estratégias, ampliámos áreas de atuação e inovámos! Hoje trabalhamos em conjunto: saúde, segurança social, educação, justiça, autarquias, sociedade civil, entre outros, unindo saberes e esforços no combate a esta doença.

Na área das hepatites virais, na DGS criámos um programa de saúde prioritário para definir uma estratégia, compromisso do País para com estas doenças e para com as pessoas por elas afetadas. Neste programa, a hepatite C detém grande relevância, fruto da oportunidade e compromisso assumido de terminarmos com esta doença.

Desde 2015, quando se iniciou o tratamento generalizado com os medicamentos de última geração, mais de 23.000 pessoas já foram abrangidas, com curas superiores a 96%. Temos à nossa disposição todos os medicamentos para a hepatite C, e tratamos todas as pessoas, e de uma forma rápida (em média, em dois meses após a consulta no hospital a pessoa está a começar o tratamento, que hoje em dia consiste maioritariamente em tomar um comprimido por dia, durante dois ou três meses).

Os ganhos para cada uma destas pessoas é inquestionável: curaram a hepatite C! Os ganhos para a sociedade são igualmente enormes: pessoas mais saudáveis, com menos problemas de fígado incluindo casos de cancro, com menos necessidade de se fazerem transplantes no futuro.

Mas não nos contentamos com estes resultados e queremos mais e mais. Temos conseguido reorganizarmos os serviços para irmos ao encontro do que é necessário.

Hoje as equipas de saúde vão aos estabelecimentos prisionais, aproximando saúde e justiça, indo onde precisam de nós, numa visão de saúde que não se fica pelas paredes dos hospitais ou dos serviços de saúde. Hoje deslocamos equipas de saúde a estruturas comunitárias que trabalham com pessoas que usam drogas, em projetos inovadores, integradores, por forma a chegar a estas populações, tratá-las nestes locais, e contribuir para eliminar a hepatite C, naquilo a que se chama microeliminação.

Hoje protegemos os que estão em risco de contraírem hepatite C, oferecendo programas de prevenção, como a distribuição de preservativos e a troca de seringas.

O investimento colocado nestas áreas serve hoje, como no passado, de barómetro de uma sociedade e de um Serviço Nacional de Saúde inclusivos, que respeita e trata todos os cidadãos por igual, tendo a premissa dos direitos humanos sempre na base.

Sabemos onde queremos chegar, o que necessitamos de fazer para lá chegar e continuamos comprometidos em fazê-lo, e com rapidez! Continuamos a investir no diagnóstico daqueles que ainda não sabem que têm hepatite C. É o primeiro passo para podermos tratar estas pessoas e eliminar esta doença. Hoje podemos fazer as análises em todos os níveis dos cuidados de saúde, mas também noutros contextos como em organizações de base comunitária e em farmácias, de forma gratuita.

Estamos a um mês do dia internacional das hepatites. Vamos propor e propormo-nos a fazer o teste!

A autora escreve segundo o novo Acordo Ortográfico

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