Trump comemora Dia da Independência com tanques e bombardeiros

Espectáculo pedido pelo Presidente Donald Trump tem como tema a “Saudação à América”, mas os críticos vêem nele uma politização das forças armadas e um desperdício de dinheiros públicos.

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Um dos veículos blindados Bradley que vai estar em exibição Reuters/Jim Bourg

Com os veículos blindados do Exército norte-americano como pano de fundo, um grupo de trabalhadores preparava, na quarta-feira, o palco para o discurso do Presidente Donald Trump de comemoração do 4 de Julho, esta quinta-feira. Este ano, os habitantes de Washington e milhões de telespectadores em todo o país vão assistir, pela primeira vez, a um espectáculo com tanques nas ruas e aviões de combate a rasgar os céus, numa coreografia pedida por Trump e que lhe valeu acusações de politização do Dia da Independência.

Para o Presidente norte-americano, o dia será de tributo às forças armadas dos EUA e ao patriotismo norte-americano: “A nossa Saudação à América no dia 4 de Julho vai ser enorme. Vai ser o espectáculo de uma vida!”, disse Donald Trump no Twitter.

Mas a profunda divisão na política norte-americana está a ensombrar um feriado tradicionalmente reservado às pequenas comunidades, em festas e desfiles onde a divisão partidária costuma ficar de lado.

Desta vez, a capital dos EUA vai assistir a uma parada militar, mais comedida do que é habitual ver-se em outros países, mas que para muitos norte-americanos é apenas mais um comício do Presidente Trump e um espectáculo que faz lembrar regimes como o da Coreia do Norte.

Segundo o jornal Washington Post, o Partido Republicano distribuiu convites VIP para garantir uma presença assinalável na assistência, e para que não se repitam as imagens da cerimónia de tomada de posse do Presidente Trump, em Janeiro de 2017 – quando no espaço em frente ao Capitólio se viam enormes clareiras.

O jornal norte-americano diz também que o custo adicional das comemorações deste ano chega aos 2,5 milhões de dólares (2,2 milhões de euros), pagos, em grande parte, pelo orçamento do Serviço Nacional de Parques públicos – uma ínfima parte dos dois mil milhões do orçamento total, mas que é visto como um gasto desnecessário numa altura em que a agência tem um défice de 12 mil milhões de dólares por causa de pagamentos que se foram acumulando ao longo dos anos.

Os congressistas do Partido Democrata dizem que o espectáculo deste ano é um capricho do Presidente norte-americano – um sonho que alimentava desde que assistiu à parada militar das comemorações Dia da Bastilha, em Paris, em 2017 – e uma preparação para a sua campanha de reeleição em 2020. Outros críticos acusam Trump de estar a politizar as forças armadas dos EUA.

Mas a Casa Branca garante que o Presidente norte-americano vai focar o seu discurso no patriotismo, e não na política interna. Apesar dessa promessa, será sempre um momento muito diferente do que tem sido a tradição, em que os Presidentes norte-americanos assumem uma postura discreta nas comemorações do dia 4 de Julho.

Do Forte Stewart, no estado da Georgia, saíram dois veículos blindados M2 Bradley, que chegaram a Washington de comboio. Outros dois tanques, os enormes M1 Abrams, vão também ser expostos durante as comemorações.

O Departamento de Defesa organizou também passagens do esquadrão Blue Angels, da Marinha norte-americana; de um bombardeiro B-2; de caças F-35 e F-22; e do helicóptero e do avião que transportam o Presidente – o Marine One e o Air Force One.

O único obstáculo que está a preocupar a Casa Branca é a previsão de chuva forte com trovoada a partir da tarde, o que pode, em último caso, levar à suspensão dos voos.

Como em quase todos os outros assuntos nos EUA, a população está dividida.

Para Jacob Mishalanie, um habitante do Alabama de 20 anos de idade, o espectáculo desta quinta-feira “vai fazer com que as pessoas se entusiasmem com o 4 de Julho”.

Mas para Alex Matuszak, de 21 anos e residente em Chicago, tudo não passa de “um golpe político”. “Ele está a tirar dinheiro dos parques nacionais para ter mais telespectadores”, disse o jovem à agência Reuters.

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