Celebração de independência ou comício pró-Trump? EUA dividem-se quanto ao 4 de Julho

Presidente norte-americano prometeu festejos com pompa e circunstãncia: tanques, jactos e o maior espectáculo de fogo-de-artifício de que há registo. Democratas temem que feriado apolítico sirva como forma de Trump fazer campanha eleitoral para as próximas eleições.

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Ultimam-se os preparativos para a celebração do dia 4 de Julho LUSA/SHAWN THEW

“Vamos ter um grande 4 de Julho, como nenhum outro, especial”. A promessa foi feita por Donald Trump, esta segunda-feira, na Sala Oval, em antecipação às celebrações do Dia da Independência, um dos feriados mais importantes no calendário norte-americano.

O presidente terá aviões a sobrevoar a parada militar, tanques e outros veículos do exército a desfilar no coração de Washington. Os festejos culminarão com um discurso nos degraus do Lincoln Memorial e terão como epítome “um grandioso espectáculo de fogo-de-artifício”, como fez questão de deixar claro no Twitter.

A ala democrática, porém, teme que Donald Trump transforme a cerimónia — tradicionalmente apolítica — num comício de campanha subsidiado pelos contribuintes norte-americanos. “Francamente, não é isto que o 4 de Julho representa. Não é sobre política no sentido partidário, é sobre democracia, liberdade, liberdades individuais e a perseguição da felicidade”, acusou Steny Hoyer, representante democrata, em declarações à NBC News.

Também Don Beyer, congressista democrata do Estado da Virgínia, se mostrou descontente com as ideias do presidente norte-americano para a celebração. “Arriscar danificar infra-estruturas locais e despejar pilhas enormes de dinheiros públicos na fogueira eterna da vaidade de Donald Trump”, escreveu o político no Twitter, acrescentando que os contribuintes norte-americanos deviam ser “reembolsados”, na eventualidade de o presidente transformar o feriado num “comício partidário para alimentar o seu ego frágil”. 

A primeira vez que Trump revelou publicamente alguns pormenores da cerimónia que terá lugar esta quinta-feira foi em Fevereiro, com cinco meses de antecedência, mas a semente de uma parada militar grandiosa tinha sido plantada em 2017. O presidente norte-americano assistiu às celebrações do Dia da Bastilha, em França, ao lado do presidente Emmanuel Macron, admitindo, posteriormente que a marcha tinha sido “uma das melhores” que já tinha visto. Em tom de brincadeira, disse ao homólogo francês que queria organizar um desfile superior nos Estados Unidos.

Sensivelmente dois anos após ter feito esse comentário, Trump parece decidido em tornar a ideia realidade. Esta terça-feira, circularam imagens capturadas por um fotojornalista da Associated Press que mostram a chegada de tanques à capital norte-americana para a cerimónia do 4 de Julho. Estes veículos militares ficarão, porém, estacionados, devido aos possíveis estragos que provocariam nas estradas.

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Tanques que serão utilizados nas celebrações Leah Millis / REUTERS

No ar, a Casa Branca quer surpreender em dose dupla: jactos do exército, bem como o Air Force One, o Boeing 737 que transporta o presidente norte-americano, sobrevoarão a cerimónia, logo após Donald Trump ter finalizado um discurso nos degraus do Lincoln Memorial, um dos principais monumentos da capital. O momento final do dia será o tradicional espectáculo de fogo-de-artifício que, este ano, será da responsabilidade das duas principais empresas de pirotecnia do país.

Apesar de a entrada ser livre, há lugares especialmente reservados para as figuras mais importantes. De acordo com informação avançada pela CNN, alguns aliados políticos de Trump receberão bilhetes para essas zonas mais exclusivas. Esses ingressos VIP foram distribuídos pelo partido republicano que, através de um porta-voz citado por este órgão de informação, garantiu que é uma prática normal e que os democratas também teriam recebido esse tipo de bilhetes, algo que fonte do Comité Nacional Democrata desmentiu, alimentando rumores de um eventual aproveitamento político da cerimónia. 

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