As previsões meteorológicas vão ser mais certeiras

Actualização de sistema vai permitir melhoria nas previsões, diz o Centro Europeu de Previsão do Tempo a Médio Prazo.

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epa/SEBASTIEN NOGIER

Especialistas do Centro Europeu de Previsões Meteorológicas a Médio Prazo (ECMWF) acreditam que a recente actualização do sistema vai permitir “melhorar as previsões” meteorológicas e fornecer informação aos centros europeus e internacionais sobre as condições extremas com “mais antecedência”.

Contactada pela Lusa a propósito da recente actualização do sistema de assimilação de dados, designado 4D-Var, Hilda Carr, responsável pela comunicação do ECMWF, afirmou que a renovação teve como objectivo “melhorar a precisão das condições iniciais”.

O ECMWF, organização internacional fundada em 1975, produz previsões meteorológicas numéricas globais que são utilizadas por 22 estados-membros, incluindo Portugal, e 12 estados colaboradores para desenvolverem a previsão do estado do tempo de cada nação.

“Desenvolvemos um método que permite que as observações mais recentes sejam assimiladas”, disse a responsável, adiantando que a nova configuração permite “utilizar observações que chegam até cerca de uma hora e meia depois do limite estabelecido na configuração anterior”.

“O uso de informações mais actualizadas melhora a precisão daquilo que é a estimativa do que o sistema Terra está a fazer neste momento, o que leva a melhorias claras na precisão das previsões”, frisou.

Segundo Hilda Carr, os especialistas acreditam que esta “melhoria” se traduz num ganho de duas a três horas no desempenho das previsões meteorológicas, podendo assim “fazer a diferença na protecção de vidas e de bens” em condições meteorológicas extremas, como ondas de calor, chuvas intensas e ventos fortes.

“Estas duas a três horas que falamos são uma média, em alguns casos será mais, noutros menos. No caso de uma evacuação, por exemplo, duas a três horas podem fazer a diferença entre a vida e a morte”, afirmou, adiantando que é uma prioridade do centro “fornecer” aos cidadãos, com o “máximo de antecedência possível”, informações sobre as condições meteorológicas extremas.

Quanto às alterações climáticas, a responsável afirmou que os especialistas acreditam que “o modelo ainda é capaz de lidar com essas previsões”, uma vez que os modelos numéricos se baseiam em observações que mudam simultaneamente com as alterações climáticas.

“Temos visto um clima extremamente severo nos últimos anos, como os furacões Harvey ou Irma, e o modelo ainda é capaz de lidar com essas previsões”, apontou.

À Lusa, Hilda Carr avançou que o próximo “desafio” do ECMWF passa, em 2020, pela “migração” de todas as operações de computação e dos arquivos meteorológicos do Reino Unido para o Tecnopolo di Bologna, em Itália.

“O novo data center hospedará os nossos novos supercomputadores, que estamos a adquirir actualmente. Essas máquinas vão ser mais poderosas do que o nosso sistema actual e vão nos ajudar a atingir o nosso objectivo estratégico de aumentar a nossa resolução”, concluiu.

Em resposta à Lusa, o presidente do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA), Jorge Miguel Miranda, afirmou que a actualização do sistema do ECMWF é de “grande importância”, isto porque acredita que vai “ajudar a melhorar as previsões meteorológicas nacionais” e “ajustar as previsões às necessidades” do país.

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