System Crasher na ficção e Gods of Molenbeek no documentário vencem o FEST

Born in Evin, da iraniana Maryam Zaree, conquistou uma menção honrosa na categoria principal e o Prémio do Público Cineuropa. O Grande Prémio Nacional foi para a curta-metragem No Limiar do Pensamento, de António Sequeira.

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System Crasher, de Nora Fingscheidt DR
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Gods of Molenbeek, de Reetta Huhtanen DR
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No Limiar do Pensamento, de António Sequeira DR

Os principais vencedores do 15.º FEST - Festival Novos Realizadores Novo Cinema, que terminou este domingo em Espinho, são a longa-metragem de ficção System Crasher, da alemã Nora Fingscheidt, e o documentário Gods of Molenbeek, da finlandesa Reetta Huhtanen.

O primeiro desses filmes recebeu o Lince de Ouro pela sua abordagem à situação de uma menina que é confiada ao sistema de protecção de menores e enfrenta as lacunas do serviço quando evidencia episódios psicóticos motivados por um trauma profundo; o segundo foi distinguido com a mesma estatueta por uma história que confronta a infância de dois rapazes de um bairro de Bruxelas com o contexto adulto da actividade jihadista.

Ainda no que se refere à competição de longas-metragens, o júri atribuiu também uma menção honrosa a Born in Evin, em que a própria realizadora e actriz iraniana Maryam Zaree regista a sua busca pessoal para descobrir as circunstâncias reais do seu nascimento naquele que continua a ser um dos principais estabelecimentos para presos políticos a nível mundial.

O mesmo filme recebeu igualmente o Prémio do Público Cineuropa para melhor longa-metragem, enquanto a escolha dos espectadores ao nível das curtas recaiu sobre Daughter, da realizadora polaca Mara Tamkovich, que, por altura da campanha #MeToo, aborda a reacção de um pai à inadequação do sistema judicial depois de a sua filha de 16 anos ter sido vítima de um violento ataque físico.

Outros prémios nas categorias internacionais foram os Linces de Prata de Melhor Curta-Metragem para Mistérios da Carne, da brasileira Rafaela Camelo, na categoria de ficção, e para Liminaali & Communitas, da finlandesa Laura Rantanen, enquanto melhor short documental.

Já na rubrica específica de filmes experimentais, o Lince foi para Bloom, do francês Emannuel Fraisse, e, na de animação, para You are overreacting, da polaca Karina Paciorkowska. Houve ainda menções honrosas para as curtas 023_Greta_s, da alemã Annika Birgel; The Handover, do também alemão Leonhard Hofmann; The Dam, da polaca Natalia Koniarz; e Applesauce, do austríaco Alexander Gratzer.

A competição exclusiva para realizadores portugueses, por sua vez, integrou apenas curtas-metragens e, das 15 obras avaliadas pelo júri, a que mereceu o Grande Prémio Nacional foi No Limiar do Pensamento, de António Sequeira. A estreia deste realizador no FEST destacou-se pelo seu retrato de um adolescente que, sonhando com a ida para a universidade, é diagnosticado com esquizofrenia, o que resulta num intenso drama familiar protagonizado por Paula Lobo Antunes e Afonso Lopes. A obra foi financiada por municípios do Vale do Sousa e contou com a parceria da Sociedade Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental e da Secção Regional do Norte da Ordem dos Enfermeiros

Ainda na competição portuguesa, o júri atribui uma menção honrosa a Teus Braços, Minhas Ondas, de Débora Gonçalves.

Quanto à categoria NEXXT, que distingue o Melhor Filme Académico, o vencedor foi Elephantfish, da belga Meltse Van Coillie, mas também foram atribuídas menções honrosas a Adjournment, de Nina Marissiaux, igualmente da Bélgica, e a Sister, uma co-produção sino-americana dirigida pela chinesa Siqi Song.

O FEST atribuiu ainda três versões do Prémio do Público FESTinha, que é decidido por centenas de crianças e jovens espectadores, todos eles na mesma faixa etária do público-alvo a que os filmes que avaliam se destinam. Na secção Sub-10, ganhou The Ape Man, do belga Pieter Vandenabeele; na rubrica Sub-14, Birthplace, uma produção indonésia da dupla Sil van der Woerd e Jorik Dozy, radicada na Holanda e em Singapura; e na modalidade Sub-18, Like, da realizadora, produtora e figurinista americana Scilla Andreen.

A 15.ª edição do FEST começou a 24 de Junho e apresentou em vários espaços de Espinho 257 filmes em competição e ainda várias actividades paralelas, como sessões panorâmicas, filmes ao ar livre, concertos, uma feira do livro sobre cinema e demonstrações de realidade virtual. Além de sessões de pitching para profissionais e debates sobre a actualidade da indústria, o evento contou ainda com um programa de formação que envolveu cerca de 800 participantes de diferentes países.

Lusa/Fim

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