Alinghi arrasa concorrência e vence em Lagos o Mundial de GC32

A equipa suíça terminou 11 das 18 regatas na baía da cidade algarvia nos dois primeiros lugares. Team Tilt e INEOS Rebels UK completaram o pódio.

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Sem surpresa, o título mundial de catamarãs de 32 pés continua na posse de suíços. Depois de a Team Tilt ter conquistado o troféu há um ano no Lago de Garda, em Itália, na baía de Lagos foi o GC32 da Alinghi, que tem na equipa de terra o português João Cabeçadas, a dominar por completo a prova: a equipa de Arnaud Psarofaghis concluiu as 18 regatas com 17 pontos de vantagem sobre a Team Tilt. Num balanço final, a organização portuguesa e do GC32 Racing Tour considerou a prova “um sucesso” e há vontade mútua de fazer regressar em 2020 o circuito de catamarãs com foils a Lagos.

A vantagem de 16 pontos sobre o Oman Air e o INEOS Rebels UK no final do terceiro dia tinha deixado o Alinghi  confortável na luta pela conquista do Mundial, mas Psarofaghis e a sua tripulação não facilitaram e fizeram xeque-mate à concorrência nas três primeiras regatas do último dia. Na 14.ª, 15.ª e 16.ª largadas, o Alinghi não se limitou a fazer marcação aos perseguidores e, mantendo a regularidade exibida ao longo da competição, cortou a meta com um segundo e dois primeiros lugares.

A partir daí, com o Alinghi na frente com mais de 20 pontos de vantagem, o interesse passou para a luta pelos restantes lugares do pódio, com Norauto, INEOS Rebels UK, Oman Air e Team Tilt a lutarem pelos lugares disponíveis. E o braço-de-ferro também foi ganho por helvéticos. A Team Tilt, de Glenn Ashby, o australiano que é uma das principais figuras da Emirates Team New Zealand, equipa que venceu em 2017 a America’s Cup, garantiu a segunda posição. O último lugar do pódio foi para o INEOS Rebels UK de Ben Ainslie, inglês que conta no currículo com quatro medalhas de ouro olímpicas.

Com os dez catamarãs já em terra, Christian Scherrer, manager do GC32 Racing Tour, fez ao PÚBLICO um balanço dos quatro dias de competição, garantindo que irá abandonar Portugal com a certeza de que “Lagos é um local quase perfeito” para os GC32. Responsável pela organização do circuito desde 2015, o suíço considerou que as “condições meteorológicas foram óptimas, com a velocidade de vento de que os barcos precisam”.

Apesar de não haver “locais perfeitos para desportos praticados na natureza e ao ar livre”, o “campo de regatas” é “tão bom quanto possível”, mas Scherrer refere ainda o nível da organização portuguesa, destacando “o Clube de Vela de Lagos e a Sopromar, que foram extremamente dedicados e competentes”. “Sem eles, não seria possível atingir este sucesso”.

Com o êxito na organização do Mundial, Scherrer diz que não encontra “razões para não regressar” a Lagos. “Os velejadores gostam de competir aqui, gostam da hospitalidade de uma cidade agradável e acolhedora. Quando os velejadores estão satisfeitos, eu estou satisfeito e os patrocinadores estão satisfeitos. Tomaremos uma decisão antes do final da época”.

A vontade de ter no próximo ano os GC32 em Lagos é partilhada por Hugo Henriques. O administrador da Sopromar Centro Náutico, que teve a seu cargo, juntamente com o Clube de Vela de Lagos, toda a parte da logística e da organização do evento, confessa que depois de ter recebido em 2018, pela primeira vez, uma etapa do GC32, teve que “partir quase do zero”. O empresário salienta que foi necessário ir “à procura de patrocínios, de envolver as empresas locais e a câmara. Tentar juntar toda a gente para fazer um evento desta grandeza. O lucro não é o objectivo. Tudo o que é conseguido é gasto no evento”.

Hugo Henriques admite ao PÚBLICO que para fazer crescer uma competição deste nível é “preciso um pouco de imaginação”, todavia “em Lagos todos querem que cresça, desde a empresa mais pequena à maior”. “Em Portugal nem sempre é fácil colocar todos a puxar para o mesmo lado”,acrescenta.

Um dos objectivos da organização do Mundial de GC32 foi, segundo o responsável da Sopromar, “trazer a uma cidade pequena os ídolos de muitos miúdos que estão a começar na vela, para que percebam que isto não acaba aos 15 ou 16 anos, que pode ser uma opção de vida”.

Atingida essa meta, este algarvio faz um “balanço positivo na divulgação da marca Lagos” e diz que há vontade “que o GC32 volte no próximo ano”. Falta, porém, “a batalha do financiamento”, mas “os problemas terão que ser resolvidos, um de cada vez”.

Problemas que serão partilhados com Maria Joaquina Matos. A presidente da Câmara Municipal de Lagos destaca o apoio da “hotelaria e restauração” da cidade, assim como de “um conjunto interessante de patrocinadores”. “Todos juntos, alcançámos um excelente resultado. Esta é uma prova de topo e tem o apoio da população. Faço um balanço muito positivo. Estiveram em competição equipas de todos os pontos do mundo e correu tudo bem”, realça.

Sobre o futuro, Maria Joaquina Matos diz que “no próximo ano a câmara está disponível para dar todo o apoio financeiro e logístico a esta iniciativa”. “Lagos tem a obrigação de fazer justiça ao seu lugar na história. Fomos muito grandes na altura dos descobrimentos e fomos sempre grandes quando nos associámos ao mar. Temos que voltar a apostar no mar e no desporto náutico”, argumenta.

A concluir, a autarca deixa a promessa de avançar com a construção de um centro náutico, projecto que ajudará Lagos a afirmar-se como um local de referência na prática de desportos náuticos: “Está em cima da mesa e vai exigir um esforço financeiro da autarquia, mas é uma das nossas prioridades para 2020. Temos que dar ao Clube de Vela as condições físicas que merece, visto que faz um trabalho muito bom.”

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