Uma sempre breve viagem a Itália

O leitor José P. Costa partilha a sua experiência de Roma a Abrezzo.

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Max Rossi/Reuters

Fui a Roma e vi o Papa no Vaticano, no domingo de Páscoa, 21 de Abril, no dia em que se comemoravam 2772 anos da fundação da capital italiana, no ano 753 a.C, pelos irmãos Rómulo e Remo.

Foi o querer da juventude destes dois irmãos, cujos antepassados mais remotos foram Anquises e Afrodite, tendo como pai o deus Marte e Reia Sílvia como mãe, os quais foram, segundo uma lenda, amamentados por uma loba, cuja imagem figura como símbolo da cidade, que os levou à fundação da cidade que comummente é tida como a capital da Antiguidade Clássica.

O sítio onde se fundou Roma era uma série de colinas em volta de um vale pantanoso. Um local privilegiado pela sua localização, também por não estar longe do mar. Dadas as divergências entre os irmãos, Rómulo escolheu o Palatino e Remo optou pelo Aventino. Os deuses favoreceram Rómulo, enviando-lhe o presságio extraordinário de um voo de doze abutres. Remo, por seu lado, viu apenas seis. Deste modo, coube a Rómulo a glória de fundar a cidade. A 21 de Abril deste ano, presenciei como Roma estava em festa, vendo-se em vários locais da cidade inúmeras festividades e recreações daqueles tempos antigos.

Um dos locais dessas comemorações era a zona do célebre (mas não o original) Coliseu, onde, perto, também podemos ver o Arco de Constantino, erigido pelo Senado Romano para homenagear a vitória deste imperador contra Maxêncio, no ano de 315. 

Dos inumeráveis locais de interesse em Roma referimos a Arquibasílica de São João de Latrão, de estilo barroco, cuja construção se iniciou no século IV, no ano de 324, e onde viveram os Papas até ao ano de 1309, quando se deu a cisão da Igreja Católica, e o papado passou para Avinhão, até 1377, e voltou para Roma. Ali pode-se encontrar um túmulo com um cardeal português, Antão Martins de Chaves, que terá nascido em Chaves, e morrido em Roma no ano de 1447. O sarcófago está situado na nave direita na zona do transepto, com uma inscrição alusiva.

É obrigatória uma visita ao Museu do Vaticano, onde nos podemos deslumbrar, sobretudo com a Capela Sistina, mandada construir pelo papa Sisto IV. As pinturas da autoria de Miguel Ângelo, no tecto, são a sua obra-prima, e estão divididas em cenas do Génesis, representando a criação do mundo, da escuridão à luz, do sol à lua. Salientem-se as pinturas da Criação de Adão e de Eva, o Juízo Final, o pecado original, o sacrifício de Noé, o dilúvio universal.

Incontornável, na capital italiana, é uma referência à Fontana de Trevi, onde muitos, de todas as idades, deixando uma moeda na água, trocam mensagens e promessas de afecto e amor.

Nesta viagem de cultura e recreio por Itália percorremos locais outrora pertencentes à civilização etrusca. Nomeadamente quando estivemos na Úmbria, concretamente em Arezzo. Esta cidade é conhecida por ali terem sido efectuadas filmagens do filme A Vida é Bela, de Roberto Begnini. O poeta Petrarca (1304-1374) nasceu nesta cidade, onde o teatro tem o seu nome. 

A Duomo de Arezzo, a catedral de São Francisco, do século XIII, contém trabalhos de Piero de la Francesca (1416-1492), de uma beleza impressionante, e que recentemente sofreram obras de restauro.

Ainda na Úmbria, visitámos também a Duomo de Orvieto, dedicada à Virgem Maria, tendo a sua construção, em 1291, sido ordenada pelo Papa Urbano IV para receber uma relíquia, a Corporal de Balsena. O interior tem três naves e uma planta cruciforme. A capela do Corporal fica do lado norte da nave, e foi construída entre 1350 e 1356. Outro lugar que vamos reter na nossa memória.

A Duomo de Parma, de estilo românico, do século XI, também deslumbrante pelos seus frescos e vitrais, é dedicada à  Bem-Aventurada Virgem Maria Assunta. O seu interior é uma cruz latina, com três naves. Algumas capelas laterais são em estilo gótico. Ao lado, encontra-se o baptistério, igualmente imperdível.

Na Basílica de São Pedro, no Vaticano, país cuja bandeira contém duas chaves, a dourada representando o poder celestial e a branca representando o poder terreno, entre tantas obras-de-arte, a tangível imagem da Pietà, obra monumental de Michelangello Buonarrotti (1475-1564), que nos enche a alma e a visão. Pena a longa fila de visitantes, que nos não permitiu uma mais demorada apreciação.

E foi ali, recordamos, onde terminámos esta sempre breve viagem, escutando o Papa Francisco, que nas suas palavras finais nos incentivou a vivermos em harmonia, em paz, defendendo as minorias, os que sofrem em todo o mundo as injustiças, as repressões, os ódios, como nessa manhã de domingo de Páscoa tinha, infelizmente, acontecido no Sri Lanka.

José P. Costa

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