Muito neoliberais na ideologia e depois... assalariados do Partido Comunista Chinês!

A coerência em tudo na vida é um elemento insubstituível. Veremos se estes exemplos de assalariados continuará a proliferar.

Nas últimas décadas temos assistido a aspectos da vida política e social que têm procurado desacreditar a actividade política na sua essência. Através de uma campanha propagandística sistemática, esta actividade é apresentada com uma conotação negativa, procurando associá-la a comportamentos indesejáveis.

Ideias-chave como os “políticos são todos iguais”, que política, negócios e corrupção “andam de braço dado”, que os políticos “não fazem nada de útil”, “sendo uma classe parasitária”, etc., têm sido amplamente difundidas ao longo dos anos. Isto tem criado conceitos generalizados na opinião pública de que “eu não sou político”, “eu não percebo nada de política”, “isso é política e eu não quero nada com a política “, “isso são as coisas dos políticos” e conduziu até a própria criação de uma “classe política”.

Ora, como sabemos, a palavra Política tem origem na língua grega e diz respeito aos grupos de cidadãos que integram a Polis. A palavra política tem origem no termo grego politiké, que é a união de outras duas palavras gregas: polis e tikós. Polis significa cidade e tikós é um termo que significa o bem comum dos cidadãos.

Assim, politiké era um termo grego que significava governo da cidade para o bem comum de todos os cidadãos. Numa referência mais lata, podemos considerar que Política quer dizer “viver em sociedade”. Assim sendo, todos somos políticos e mesmo quando alguns dizem que “não querem saber da política” também estão a fazer política. E não há “classe política”. Existem é cidadãos que em certos momentos desempenham, por via do voto democrático, cargos de maior relevância política.

Esta exorcização da Política tem levado a uma erosão preocupante dos fundamentos da própria Democracia, o que explica, em grande medida, o recrudescimento da extrema-direita em diversos países europeus e latino-americanos.

Durante o regime fascista no nosso país era expressamente proibido discutir política. Esta era uma actividade exclusiva do governo ditatorial.

Numa sociedade democrática, o plano ético tem de estar presente como parte do fundamento para tomada de decisão política racional. É precisamente o divórcio entre ética e política que torna muitas vezes as sociedades tão destrutivas no seu funcionamento colectivo.

Outro aspecto de grande importância, na minha opinião, para a recuperação de uma imagem credível da actividade política é a coerência entre aquilo que é apregoado e aquilo que é praticado. E é neste aspecto que muitas campanhas de exorcização da política conseguem recolher maiores frutos.

A actividade política é um direito constitucional de todos os nossos cidadãos e tem de ser encarada com uma nobre actividade ao serviço do bem comum, exigindo-se a quem a exerce em plano de maior destaque uma conduta sem mácula.

Vem tudo isto a propósito de existirem alguns cidadãos no nosso país investidos em funções de administrações de algumas empresas que se afirmam muito neoliberais e intransigentes defensores da sacrossanta economia de mercado e depois são, na prática, assalariados do Partido Comunista Chinês, dado que o capital social dessas empresas é detido por empresas do governo chinês.

A coerência em tudo na vida é um elemento insubstituível. Veremos se estes exemplos de assalariados continuará a proliferar!

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